Um jogo com poucos momentos de grande futebol mas recheado de revivalismo, por ter sido o regresso do Boavista ao Estádio Bessa XXI enquanto equipa do principal escalão do campeonato português.

Seis anos depois o xadrez da Boavista voltou a ser palco de um grande jogo, e logo contra o atual campeão nacional, o Benfica. Comparando com o último confronto entre os dois emblemas, Maxi Pereira e Luisão foram os únicos sobreviventes presentes no relvado - desta vez sintético - do Bessa. Na altura, na época 2007/08, o lateral uruguaio foi titular e Luisão ficou no banco de suplentes. Ontem, os dois foram titulares. Enzo Pérez foi a grande ausência, parecendo inevitável a saída do médio argentino para o Valência de Nuno Espírito Santo.

Primeira parte à base da força, muitas paragens devido às pequenas faltas que se iam fazendo ali e acolá, com um Boavista muito fechado, consciente das limitações técnicas dos seus jogadores. Mas vontade e garra não faltaram aos jogadores orientados por Petit, ele que, enquanto jogador, vestiu a camisola encarnada e axadrezada.

O xadrez do Boavista estava montado, convidando o inimigo a avançar no tabuleiro, até que surgiu o peão inesperado Eliseu. Quase em cima do intervalo, na sequência de um livre lateral cobrado na esquerda por Gaitán, e após passe de André Almeida, o defesa português rematou fortíssimo de fora da área, com a bola a bater à frente de Monllor, que ainda desviou, mas não conseguiu evitar o único golo do encontro.

Na segunda parte, assistimos a um Boavista mais atrevido, a correr atrás do prejuízo perante a sua claque, mas o Benfica foi capaz de domar os Panteras Negras. Salvio e Gaitán foram os pulmões do meio-campo, enquanto Talisca procurava o seu espaço e afirmação, mas o brasileiro errou muitos passes e tentou fazer mais do que consegue, pelo menos naquela posição 8, que não é, definitivamente, para ele.

O Benfica não deslumbrou, já jogou melhor – basta olhar para os primeiros 90 minutos da Supertaça em Aveiro – mas mereceu sair do Bessa com os três pontos. O Boavista ainda não tem capacidade técnica para surpreender os grandes do futebol português.

O desafio ficou também marcado pela lesão de Ruben Amorim - que deverá falha o dérbi da próxima ronda - e pela expulsão de Jorge Jesus ao intervalo do jogo. O treinador do Benfica esperou à entrada do túnel pelo árbitro Marco Ferreira e terá dito que não gostou do que viu. O juiz do Funchal também não gostou do que ouviu e mandou Jesus ver a segunda parte desde a bancada, ao lado dos adeptos. Lá encontrou o adepto mais carismático do Boavista, o Manuel do Laço.

Triunfo suado do Benfica na jornada que precede ao dérbi de Lisboa, contra o Sporting, marcado para domingo. Para já, o pelotão da frente na tabela classificativa da I Liga é constituída pelo Rio Ave, Vitória de Guimarães, Belenenses, FC Porto e Benfica.

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