Quem foi a Alvalade pagou bilhete por um jogo, mas acabou por conseguir ver dois no espaço de 90 minutos. A oportunidade foi proporcionada por Sporting e FC Porto, que dividiram o seu protagonismo em cada parte e no final repartiram os pontos, com o empate a um golo.

Sporting abriu o Clássico…
O primeiro filme foi realizado, escrito e interpretado pela equipa de Marco Silva. Como num filme de ação, a história arrancou de forma frenética, intensa e logo com um clímax: o golo de Jonathan Silva. O lateral argentino voltou a merecer a confiança do técnico, depois da estreia frente ao Gil Vicente, e retribuiu-a com o seu primeiro golo pelos leões, quando o relógio marcava apenas 78 segundos. Ainda muitos espectadores procuravam o seu lugar e já o estádio estava ao rubro.

O que se seguiu só empolgou ainda mais Alvalade. O Sporting cresceu, apoiado por uma grande atuação do trio do meio-campo e pela inspiração de um rejuvenescido Nani. O segundo golo esteve perto de acontecer, mas João Mário e Nani não conseguiram enganar Fabiano. Ao FC Porto restava um papel secundário: sem remates nos primeiros 30 minutos, sem energia e sem clarividência em campo.

Foi assim até ao apito de Olegário Benquerença para o intervalo. Terminava o jogo do Sporting, estava prestes a iniciar-se o do FC Porto. Julen Lopetegui percebeu os erros de ‘casting’ que cometera com Rúben Neves e Quaresma e lançou novos “atores”: Oliver e Tello.

E o FC Porto fechou-o.
Os dragões viraram o rumo do jogo e o campo inclinou-se para a baliza de Rui Patrício. O guardião leonino negou o golo a Jackson, mas já não conseguiu travar o autogolo de Sarr, aos 56’. Mais uma infelicidade do jovem defesa francês a comprometer o Sporting.

Oliver acelerava o jogo e Tello desequilibrava no ataque. A frescura dos dois espanhóis pintava o cenário em tons de azul e não mais o Sporting conseguiu reaver a superioridade. O jogo só não ficou mais ao gosto de Julen Lopetegui, porque a lesão de Casemiro (60’) foi o ‘twist’ que não previra no seu argumento para a segunda parte.

Consequentemente, o Sporting ainda conseguiu assustar duas vezes, por Capel e Slimani, tal como Herrera e Tello ainda ameaçaram novamente a baliza leonina, já ao cair do pano. Tudo somado: um jogo com duas partes distintas e um resultado que resume bem o que se passou em campo.

A arbitragem vista pelos treinadores
Julen Lopetegui não vinha contente do jogo e deixou isso bem claro na flash-interview e na sala de imprensa, queixando-se de um lance com Jackson e Maurício já nos últimos minutos. “Acho que houve um penálti claríssimo depois de um remate do Jackson, tenho de ver na televisão, mas foi essa a sensação que tivemos todos no banco”, declarou o treinador do FC Porto.

As queixas mereceram uma resposta imediata de Marco Silva, quando foi a sua vez de se sentar perante os jornalistas. Para o técnico do Sporting, os protestos portistas não podem ser recompensados no futuro. “Não falo sobre arbitragens mas só espero que não haja uma lei da lamentação. Só espero que quem mais se lamenta não seja beneficiado no futuro. Falar sobre a arbitragem sinceramente não espelha em nada o que se passou no jogo. O árbitro fez o seu trabalho”, rematou.