A Federação Portuguesa de Futebol gastou mais 2,8 milhões de euros (ME) do que tinha orçamentado para a época 2013/14, mas, mesmo assim, conseguiu um lucro de 1,29 ME.

De acordo com o Relatório e Contas do organismo, a que a agência Lusa teve hoje acesso, a FPF vai apresentar gastos de cerca de 41,7 ME, mais 2,8 ME do que estava orçamentado (38,9 ME) para a temporada passada. O documento será discutido e votado na reunião de Assembleia Geral (AG) marcada para 18 de outubro.

Apesar desse desvio, a FPF assegurou rendimentos de praticamente 43 ME, mais quatro ME do que tinha previsto, perfazendo então o luro de 1,29 ME, 1,16 acima do orçamentado.

Os lucros ficam a dever-se, segundo as demonstrações financeiras, aos 7,94 ME do prémio de participação no Mundial2014, 1,5 ME acima do orçamentado, e à subida dos contratos de publicidade e televisão, assim como de rendimentos não correntes.

As despesas de cerca de 9,765 ME com a seleção principal, praticamente mais dois ME do que estava orçamentado (7,817 ME), foram as principais responsáveis pelo aumento nos gastos do organismo em 2013/14.

Na mensagem do presidente da FPF que introduz o relatório de atividades, Fernando Gomes assume a desilusão com o desempenho da seleção no Campeonato do Mundo de 2014, em que Portugal não superou o Grupo G, diante de Alemanha, Estados Unidos e Gana.

"A época 2013/14 encerrou sem o êxito desportivo que todos ambicionávamos no Brasil, mas nem por isso se pode deixar de considerar como mais um exercício em que foram cumpridos objetivos definidos, dentro de uma base de rigor e transparência, tendo em vista o desenvolvimento de todo o futebol português", pode ler-se na mensagem.

Fernando Gomes prossegue com o enaltecimento do "resultado positivo de 1.290.091,74 euros", admitindo uma "óbvia satisfação por esse facto" e o anúncio do destino desse montante.

"Dado que não é o lucro que nos move, tenho o prazer de anunciar que afetaremos esse ‘superavit’ ao reforço do apoio ao futebol não profissional", através do apoio nas deslocações das equipas do Campeonato Nacional de Seniores, na redução das taxas de arbitragem deste mesmo escalão e no pagamento do seguro das futebolistas dos clubes participantes nos campeonatos de futebol feminino.

O presidente federativo recordou os "decisivos passos para o arranque da edificação da tão ambicionada Cidade do Futebol", o futuro espaço para as seleções nacionais, reiterando que o "investimento representará um esforço financeiro assente em exclusivo em verbas do futebol, sejam elas da própria FPF ou das organizações internacionais".

"Pelo que não oneraremos os cofres do Estado e, por conseguinte, dos contribuintes", frisou Fernando Gomes, que termina a recordar que a é FPF é "um contribuinte líquido para o erário público que entrega ao Estado mais de sete milhões de euros por ano em impostos e que gera e organiza a sua atividade com base em receitas próprias".

Após a AG ordinária marcada para a sede da FPF, em Lisboa, a partir das 10h00, segue-se uma reunião magna extraordinária, para uma hora depois, que vai servir, entre outros assuntos, para votar uma alteração aos estatutos federativos e de recomendações de alteração aos Regulamentos Disciplinares federativo e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.