Foi em ritmo de passeio, qual cortejo académico, que o FC Porto apontou três golos e levou de vencida uma Académica em crise. Jackson Martínez estreou-se a marcar em Coimbra, terminando o jogo com dois golos. O segundo, principalmente, é uma lição de como rematar.

Face à ausência de Casemiro por lesão de última hora, Julen Lopetegui lançou o jovem Rúben Neves para o "onze" inicial. Para não variar, o menino de 17 anos jogou como uma estrela de 30. O raciocínio rápido, quase instantâneo, é notável. Foi preponderante no lance do primeiro golo, com uma interceção seguida de assistência para finalização de Jackson Martínez.

Além da mudança na posição mais recuada do meio-campo, a equipa manteve-se quase igual àquela que goleou o Rio Ave por 5-0, exceção feita à entrada de Maicon para o lugar de Marcano. Depois da rotatividade extrema de Julen Lopetegui no arranque da época, elogiada por uns e criticada por outros, o técnico espanhol parece ter encontrado a sua fórmula mágica.

Um ingrediente essencial é o colombiano Jackson Martínez. Depois de ter feito o gosto ao pé no golo que abriu o marcador, aquele que é agora o melhor marcador da Liga, com 10 golos apontados, pintou a obra de arte do jogo: um daqueles remates que parecem viajar em câmara lenta para o fundo das redes. Lee ainda voou e esticou o braço o mais que pôde, mas faltaram as asas. No final da partida, Jackson preferiu desvalorizar a beleza do golo, mas este é para ver e rever.

Mantendo-se a hispanofonia na posição dominante, o espanhol Tello redimiu-se de um erro no primeiro tempo que quase oferecia o golo a Rui Pedro e fez, no arranque do segundo tempo, um grande passe a furar a linha defensiva da equipa da casa para o 3-0 final de Herrera. Como em toda a partida, a defesa da Académica foi demasiado hesitante, permitindo que o médio mexicano aparecesse de rompante qual ponta-de-lança.

Tudo muito simples para o FC Porto, que recebe o Benfica no próximo domingo sabendo que poderá igualar os "encarnados" na pontuação em caso de vitória. Antes disso há a receção ao Shakhtar mas, com o primeiro lugar do grupo da "Champions" garantido, Lopetegui terá legitimidade para rodar a equipa e dar algum descanso aos jogadores mais utilizados.

Tudo desastroso para os homens de Paulo Sérgio, que não vencem para o campeonato desde finais de setembro. O técnico garante estar focado nos objetivos e assegura que não colocará o lugar à disposição, apesar do 16º lugar ocupado na tabela, mas os adeptos da Briosa estão tudo menos contentes.