Jorge Jesus havia estado com seis pontos de distância sobre o seu principal rival na corrida ao título de campeão nacional. Deste modo, chegou ao Estádio do Dragão, um terreno historicamente complicado para o Benfica, sabendo que uma vitória carimbava o título logo ali e seria o ponto de partida para os lisboetas fazerem a festa na cidade Invicta.

O FC Porto acabaria por vencer a partida por 2-1, num encontro que perdurará na memória de portistas e benquistas durante muitos anos, embora por razões bem distintas. Tudo se pode definir desta maneira: remate de Kelvin, Jesus cai de joelhos, Vítor Pereira chora e corre desenfreadamente pelo relvado, estádio ao rubro e os portistas passam para a liderança do campeonato na penúltima jornada.

O encontro nem começou bem para os “dragões” que sofreram o primeiro golo quando o cronómetro contava apenas 19 minutos. Maxi Pereira lança longo para a área e depois de muita confusão Lima encosta, ao segundo poste, após remate de enrolado de Garay. 1-0 e a esperança azul e branca tremelica.

Os “azuis e brancos” não tremeram e sabiam que precisavam de chegar ao golo rapidamente para travar o nervosismo que começava a instalar-se. Alex Sandro abriu para Varela que cruza e vê a bola ressaltar na perna de Maxi Pereira, traindo o guarda-redes Artur que ainda toca na bola e acaba por empurrá-la para o fundo da baliza. O sonho volta a crescer ao mesmo tempo que crescem os gritos de festejo nas bancadas.

O empate impedia os festejos do Benfica no Dragão, mas a vitória era o que mais interessava. O triunfo parecia ser impossível, principalmente depois de James (em fora de jogo) ter enviado a bola ao poste no frente a frente com Artur. Do outro lado, Hélton tem uma defesa providencial e salva a equipa. A proeza do capitão parece ter influenciado todo o grupo e Kelvin em especial.

Quando faltavam dois minutos para terminar o tempo de compensação, o brasileiro inicia a jogada no meio-campo, tabela com Liedson recebe à entrada da grande área e remata cruzado. Artur estava batido pela segunda vez.

O Estádio do Dragão incendiou-se subitamente. Depois do desânimo veio a euforia. O céu era novamente azul e o inferno deixou de fazer sentido. FC Porto apenas precisava de vencer em Paços de Ferreira para se sagrar bicampeão nacional.