A inauguração da Avenida Eusébio da Silva Ferreira, na segunda-feira, encerrará um ano de luto pelo `Pantera Negra´, que deixou o Benfica e o futebol português órfãos da sua maior figura.

A 05 de janeiro de 2014, Portugal despertava com a notícia da morte de Eusébio, que, aos 71 anos, tinha sido vítima de paragem cardiorrespiratória. As horas que se seguiram foram um turbilhão de emoções e reações, à escala portuguesa e planetária, com direito, inclusive, a três dias de luto nacional.

Nesse dia ficou provado que, mais do que uma figura do Benfica, o `Pantera Negra´, eleito o melhor jogador do mundo em 1965 e vencedor de duas Botas de Ouro (1967/68 e 1972/73), era uma figura do país e do mundo do futebol.

De imediato, as páginas dos jornais de referência de todo o mundo se encheram de homenagens ao futebolista, pontuadas pelas palavras `herói´ `bombardeiro´, `lenda´, `mítico´ e `glória´, tal como aconteceu nas redes sociais, com Cristiano Ronaldo a ser o primeiro a pronunciar-se, com a legenda “Sempre eterno Eusébio, descansa em paz” a acompanhar uma foto do jogador nascido em Moçambique.

Portugal parou para ouvir o Presidente da República, Cavaco Silva, enaltecer o "campeão que trabalhou e lutou para alcançar tantas vitórias", esqueceram-se diferendos antigos, como as rivalidades com FC Porto e Sporting, com Pinto da Costa a lamentar a perda de “um dos maiores símbolos da modalidade” e os `leões´ a fazerem o mesmo relativamente a “um símbolo do desporto nacional”.

“Imortal” para o treinador José Mourinho e “eterno símbolo do país”, Eusébio foi elogiado por entidades oficiais, com o presidente da FIFA, Joseph Blatter, a descrevê-lo como “uma lenda”, e por alguns dos melhores futebolistas de sempre, como Pelé, que o recordou como um irmão, ou Diego Maradona, que publicou uma foto ao lado de “A Pantera de Moçambique”.

Cumprindo a sua última vontade, o estádio da Luz, em Lisboa, abriu as portas para a última homenagem ao `King´: foi aí que o seu corpo foi velado, com a romaria de adeptos à `Catedral´ a esquecer cores clubísticas – na memória fica a estátua de Eusébio soterrada por milhares de cachecóis, de todos os clubes -, foi aí que deu a última volta de honra, aplaudido por milhares, antes de a sua urna partir em direção a alguns dos pontos mais emblemáticos da capital.

Da Igreja do Seminário, na Luz, onde foi rezada missa de corpo presente, na presença do Presidente da República, Cavaco Silva, e do Primeiro-Ministro, Passos Coelho, entre outras figuras do Estado, o corpo do `Pantera Negra´ partiu para o cemitério do Lumiar, onde foi sepultado, num cenário caótico, sob um verdadeiro dilúvio.

As homenagens não se esgotaram nessa segunda-feira chuvosa: dois dias depois, os partidos decidiram por unanimidade transladar Eusébio para o Panteão Nacional e, no fim de semana, seguinte os jogadores `encarnados´ alinharam no encontro contra o FC Porto com o nome de Eusébio nas costas.

Esta segunda-feira, o ano de luto decretado pelo Benfica termina com uma missa na Igreja do Seminário da Luz, numa cerimónia fechada ao público, seguindo-se o cortejo até ao cemitério do Lumiar e a inauguração da Avenida Eusébio da Silva Ferreira, junto ao Estádio da Luz, às 14h30.