Jorge Sequeira é um psicólogo com vários livros publicados, além de ser um dos grandes nomes da psicologia em Portugal. Em entrevista a revista J, suplemento do jornal OJogo, o antigo colaborador do SC Braga falou da falta de psicólogos nos clubes de futebol e o que está mal no dirigismo desportivo em Portugal.

O psicólogo de 48 anos, que trabalhou no SC Braga no reinado de Jesualdo Ferreira, defende que há dirigentes que não deviam estar no futebol português.

"Devia haver um exame para se ser presidente de um clube, como é preciso fazer um exame para se ter a carta de condução. Deveriam existir critérios mínimos e alguns chumbavam de certeza. Há presidentes que mais parecem talibãs sociais, conseguem incutir comportamentos de perigo e deviam ser julgados. Um líder influencia pessoas e pode influenciá-las negativamente. Há líderes tóxicos, pode sublinhar isso. Depois há também comentadores miseráveis, que destilam veneno pela boca e influenciam os adeptos. Há outros que considero excecionais: o Rogério Alves, do Sporting, é um senhor. Tem inteligência, humor e fair play", disse, em entrevista a revista J.

Com um doutoramento em psicologia e uma empresa chamada "Team Building", Jorge Sequeira fala para multidões sobre liderança, motivação, gestão de conflitos ou equipas vencedoras. Na entrevista ao suplemento do jornal OJogo, Sequeira explica como o trabalho de um psicólogo do desporto pode ser tão importante num plantel de futebol.

"[Os treinadores] não sabem que um psicólogo especializado em desporto, com maturidade e experiência, pode ajudá-los a conseguir melhores resultados. Muitas vezes os treinadores acham que os psicólogos do desporto são apenas pessoas que motivam os atletas. É uma ideia muito redutora. É a mesma coisa que dizer que o Leonardo da Vinci só fazia desenhos. Ele foi pintor, cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, poeta, músico, botânico... A psicologia não é só motivação. É também concentração, controlo de ansiedade, liderança, gestão de conflitos. São todas essas dimensões comportamentais, às quais os treinadores imputam tantas vezes a causa das vitórias e das derrotas. Mas o que fazem para melhorar a concentração dos atletas ou diminuir-lhes a ansiedade? Nada! Zero! Dizem apenas: "concentra-te" ou "calma"! Isso também a minha mãe dizia. E a maioria ainda diz isso a berrar", sublinhou Sequeira, para depois dar um exemplo de uma matéria onde seria preciso um psicólogo.

"Muitas vezes um atleta sente-se mal por os outros o verem de forma negativa. Um jogador falhou um golo, já falhou outras vezes, e falhar faz parte da vida, mas quando abre o jornal e vê a sua fotografia, junto com um comentário nada abonatório, fica arrasado como qualquer outra pessoa", sublinha.

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