Paulo Fonseca havia recordado, há uns dias, as célebres palavras de Jorge Jesus enquanto treinador do Sporting de Braga: "Para ganhar ao Benfica só na Playstation". Não era verdade. Aconteceu na vida real, mesmo tendo muitos feito um funeral antecipado a estes "castores".

O Paços de Ferreira não vinha de um bom momento, ao contrário do Benfica, que em 2015, até esta segunda-feira, só sabia ganhar. Durante a primeira meia hora de jogo, e tal como Jorge Jesus viria a realçar no final da partida, tudo parecia que iria correr conforme o previsto. Os encarnados acumulavam ocasiões de golo e ameaçavam as redes pacenses, mas por um misto de ineficácia e algum azar também os falhanços se iam empilhando nas estatísticas: começando em Jonas, passando pela grande penalidade de Lima e continuando com o cruzamento de Salvio, desviado por Ricardo, que só não deu golo porque não calhou.

O facto de terem sobrevivido ao já esperado vendaval encarnado deu aos pacenses a motivação necessária para se agigantarem. Jogando de forma segura, e tendo sempre em conta a óbvia superioridade técnica do Benfica, os comandados de Paulo Fonseca faziam da organização defensiva a sua maior valia. E além disso, mesmo mantendo a serenidade e a solidez no setor recuado, iam conseguindo um ou outro ataque com perigo. Cícero teve o golo nos pés, mas Júlio César tirou-lhe o "pão da boca".

Daí até ao final do primeiro tempo e ao longo de todo o segundo, o Paços cumpriu de forma exemplar o seu papel. Não ousou negar ao Benfica o controlo da bola, mas conseguiu limitar os ataques encarnados, em grande parte, a remates de longe e bolas paradas. Lima "envergonhou-se" com os erros cometidos e assumiu um papel demasiado discreto no segundo tempo, ligeira exceção feita ao cabeceamento à trave. No ataque, apenas Jonas procurava realmente impôr a superioridade encarnada, mas o golo também não quis nada com ele.

Os pacenses nunca abandonaram o caráter batalhador, nem depois de verem o seu técnico deixar a partida, e foram devidamente recompensados pelos deuses do futebol mesmo em cima dos 90 minutos. Uma grande penalidade, naquela altura, com o jogo a zero…o que podia ser melhor? A responsabilidade recaiu sobre Sérgio Oliveira, um dragão de gema. O médio não perdoou e fez um dois em um: deu três pontos ao Paços de Ferreira diante do campeão nacional e permitiu ao "seu" FC Porto continuar a sonhar com a recuperação.

Foi um resultado "justo", defendeu Sérgio Oliveira depois da partida, tal como fez Paulo Fonseca, que salientou o facto de o Paços ter neutralizado "os pontos mais fortes do Benfica". Opinião inteiramente distinta tiveram Luisão e Jorge Jesus.