A política de rotatividade do Sporting na Taça da Liga começou por ser uma forma de protesto e uma imposição do presidente Bruno de Carvalho ao treinador Marco Silva. Mas a verdade é que começou a dar os seus frutos permitindo a jovens jogadores aparecerem num nível competitivo mais elevado, e até convencerem o treinador que merecerão oportunidades no futuro por mérito próprio.

Wallyson, médio de 20 anos, é um desses casos. Quatro jogos na Taça da Liga permitiram ver bons pormenores: facilidade de remate de meia distância, técnica e visão de jogo.

A história de Wallyson e Abel

Wallyson chegou ao Sporting na época 2012/13 para um período de experiência nos juniores como acontecia com muitos outros. Na altura era ao treinador Abel Ferreira que cabia a decisão de ficar ou não com um jogador que trazia no currículo passagens pelo Basileia e Manchester City.

“Fui eu mais o Jean Paul, coordenador técnico, que decidimos ficar com o Wallyson. Ele veio à experiência para os juniores do Sporting. Na altura as contratações eram feitas através de um parecer técnico, que depois era entregue ao coordenador. Foi exatamente isso que aconteceu. O Wallyson veio à experiência como tantos outros e eu dei um parecer técnico positivo. O professor Jean Paul acabou por concordar e dar seguimento à contratação juntamente com a direção da altura”, contou ao SAPO Desporto.

Abel reconhecia-lhe “qualidade técnica” à qual procurou juntar a necessária disciplina tática para que este pudesse evoluir naquilo que lhe faltava.

Os telefonemas a perguntar pelo brasileiro

Na época 2012/13, a equipa junior do Sporting fez uma carreira brilhante na NextGen, competição criada pela UEFA para as formações sub-19, e Wallyson participou nessa caminhada até ao terceiro lugar conquistado perante o Arsenal (3-1).

As suas exibições despertaram a atenção dos portugueses que o queriam por empréstimo, mas também dos estrangeiros que observavam a competição.

“Tive a oportunidade de receber telefonemas de vários treinadores portugueses a pedir informações sobre ele, e posso confidenciar que na altura em que disputámos a Next Gen tive também um telefonema de um grande clube europeu a pedir informações sobre ele. Queriam saber como era o seu comportamento no treino, e as suas características. Não tenho dúvidas que os grandes clubes europeus já o têm referenciado nas suas bases de dados”, confidenciou o técnico que o viu crescer entre os juniores e a equipa B de Alvalade, onde também o orientou.

“Wallyson é um 8”

Mas quais são na verdade as características que tornam este jogador diferente? Onde é que ele se enquadra mais dentro do campo? Tem a palavra o técnico de 35 anos.

“Na minha opinião é um jogador que gosta de jogar de trás para a frente, é um jogador que transporta a equipa, e não de jogar de costas para a baliza do adversário. É um oito, um box-to-box, um jogador que tem uma qualidade técnica fantástica. Quando elimina a primeira zona de pressão, rapidamente consegue criar perigo no seguimento das jogadas.. Tem um bom remate de meia distância, utiliza muito o passe longo. É um jogador completo”, afirma de forma perentória ao SAPO Desporto.

E no meio de tantos elogios de quem melhor conhece o atleta, Abel que hoje acompanha de fora a evolução do atleta reconhece que com as devidas oportunidades, o brasileiro “é um dos bons ativos do Sporting”.

“Agora é uma questão de, se o clube assim entender, apostar nele com mais regularidade no futuro. Creio que nesta altura é um jogador a mais na Segunda Liga”, conclui.

O médio de 20 anos, que já no ano passado havia sido chamado por Leonardo Jardim, tem contrato até 2019 com o Sporting e uma cláusula de rescisão no valor de 45 milhões de euros.