Depois do "quase sonho" veio a "quase desilusão". Este sábado, o Sporting foi ao Estádio do Restelo empatar com o Belenenses a um golo, após de ter obtido o mesmo resultado na semana antes, na 20.ª jornada, diante do eterno rival Benfica. O título é cada vez mais uma miragem para a turma de Alvalade.

Os "verdes e brancos" estiveram a perder até ao último minuto e Carlos Mané voltou a repetir a façanha conseguida diante do Arouca, na já distante 2.ª jornada da liga, ao marcar no último suspiro do "leão".

Em dia dos namorados, o romance não esteve presente no relvado do Restelo, numa partida onde a tática se sobrepôs aos encantos do futebol. Na antevisão do encontro, Marco Silva pediu uma resposta inequívoca da equipa, mas os seus jogadores entraram em campo com uma certa "sobranceria", com disse o próprio técnico já no final da partida.

O timoneiro de 37 anos apostou nos mesmos jogadores que brilharam diante do Benfica, mas o resultado não foi o mesmo. O Sporting esteve em desvantagem frente ao Belenenses, numa partida que demonstrou que possuir a bola é diferente de deter capacidade de jogo. Os homens de Belém foram mais inteligentes durante os 90 minutos, à imagem do que têm sido ao longo da temporada.

Lito Vidigal, sem Carlos Martins nos eleitos (castigado), montou uma equipa com as condicionantes "coesão" e "segurança defensiva" como premissas essenciais. Resultou na perfeição… até aos 93 minutos. Viu-se sempre um Sporting autoritário e interventivo contra um Belenenses responsável e conhecedor daquilo que a partida lhes poderia trazer. Mais uma vez, a lei do romance voltou a estar distante do Restelo.

A primeira oportunidade do encontro pertenceu ao Sporting. Montero aproveitou um mau atraso de Tikito para ganhar a bola e rematar. Ventura, em dia de aniversário (chegou a sonhar com um dia perfeito), impediu que o marcador se alterasse. O Belenenses foi no romantismo do encontro durante a primeira meia hora, mas percebeu que havia uma palavra a dizer.

Miguel Rosa, com um remate venenoso no semicírculo da grande área, assustou Rui Patrício após cruzamento da direita. Resumindo os primeiros 45 minutos: uma oportunidade para cada lado e duas boas chances para dar interesse.

No 2.º tempo, e já com Tanaka e Carlos Mané em campo, o Sporting procurou resolver a partida. Contudo, foi o Belenenses que teve a 1.ª grande oportunidade. Ricardo Dias fez um remate que parecia inofensivo e o titular da seleção portuguesa fez questão de complicar o lance e quase fazer autogolo. O guardião tentou agarrar a bola mas esta ressaltou para os seus pés e, por sorte, não acabou dentro da baliza.

A falha do guarda-redes foi o 1.º sinal de uma equipa que foi sentindo a insegurança a aumentar ao mesmo tempo que o relógio passava. O emblema visitante apostou nos remates fora da área, mas Ventura e o desacerto na finalização iam mantendo o nulo no marcador.

Aos 69’, Rui Patrício comprovava que este não era o seu dia e voltou a comprometer novamente. O guardião chutou contra Paulo Oliveira e a bola acabou nos pés de Rui Fonte. O avançado estreou-se a marcar com a camisola do Belenenses e fixou a vantagem para os homens da casa.

O jogo parecia bloqueado para os "leões" e o cenário ficou ainda mais negro quando Cédric foi expulso por acumulação de amarelos. Corria o minuto 83 e o lateral foi excluído depois de cometer uma falta dura sobre Sturgeon. A esperança que ainda restava esmoreceu.

No último lance da partida e já quando o coração mandava mais do que a razão, apareceu o tento de honra. Mané, qual salvador qual quê, encostou após remate de Jefferson de fora da área. A bola desviou em João Meira, bateu no poste e o extremo de 20 anos encostou. 1-1 no marcador, respiro de alívio e… o título é cada vez mais uma miragem.

Como Lito Vidigal disse “não vale a pena falar de justiça no futebol, num jogo onde as equipas tiveram praticamente o mesmo número de oportunidades”. Um duelo que comprova que o equilíbrio nem sempre é a chave para um jogo emotivo.

Notas finais: William confirmou o seu bom momento de forma, Nani perdeu o fulgor que o regresso a Alvalade lhe trouxe e o Sporting continua a falhar nos momentos-chave que uma longa época acarreta.