A Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF) reuniu-se hoje com o secretário de Estado do Desporto e Juventude, para manifestar preocupação pela desregulamentação da atividade, aprovada pela FIFA, e para propor soluções.

As novas regras definidas pela entidade que superintende o futebol mundial, que entram em vigor em abril, liberalizam a atividade de agente de futebol, até aqui obrigada a uma certificação e homologação por parte da FIFA, que assim passa a poder ser exercida por qualquer pessoa, sem que lhe seja exigido qualquer requisito ou garantia.

Da reunião com Emídio Guerreiro, Emanuel Calçada, advogado da ANAF, disse que a posição do secretário de Estado foi apenas de ouvinte, mas garantiu que ficou claro que esta é uma área que precisa de ser regulamentada.

Tendo como objetivo credibilizar o futebol português, a ANAF pensa ser necessário e urgente que a Federação Portuguesa de Futebol e o Estado português legislem em favor de um sistema de licenciamento dos agentes de futebol, semelhante ao existente até agora.

“Se não houver, por exemplo, a realização do exame, a formação obrigatória, se não houver um contrato de seguro e todo o conjunto de critérios por nós propostos, deixa de haver uma identificação e seleção para uma área de grande importância, de gestão de carreira”, afirmou em declarações à agência Lusa.

Ainda segundo o advogado, as novas medidas previstas pela FIFA podem ter, de imediato, um impacto negativo no futebol português, uma vez que além da não-regulamentação, “cada país passará a ter as suas regras”, tendo cada agente de se adaptar às múltiplas e diferentes normas, o que poderá gerar um “caos” e um prejuízo à atividade.

Emanuel Calçada refere ainda que não vê na desregulamentação qualquer vantagem para a futebol, adiantando que a única vantagem que a FIFA tem com esta medida é a de deixar de ter preocupações com os assuntos que, como entidade máxima do futebol, está obrigada a resolver.

“Sinceramente, não vejo nenhuma vantagem nesta medida da FIFA. Sinceramente não vejo. Na ótica deles, a única vantagem é que deixa de ter jurisdição nesta matéria e, a partir desse momento, deixa de ter responsabilidade sobre esta matéria. Foram eles que criaram esta figura e, de repente, as coisas deixam de fazer sentido”, conclui.