O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, lamentou hoje a morte do cineasta e "grande dragão" Manoel de Oliveira, aos 106 anos, considerando que “todo o país se devia curvar perante a memória deste grande homem”.

“Lamento a perda de um amigo, de um grande cidadão, de um pioneiro do cinema, de um grande dragão, de um português de referência”, afirma Pinto da Costa, em declarações ao sítio do FC Porto.

Pinto da Costa recordou que na gala dos Dragões de Ouro relativos à época 2007/08, em fevereiro de 2009, entregou a Manoel de Oliveira o galardão de Dragão de Honra, a mais alta distinção dos prémios anualmente atribuídos no universo do FC Porto.

"Não é especial, é especialíssimo. É um prémio do FC Porto, entregue na minha cidade. Nasci e vivo no Porto", disse, na altura, Manoel de Oliveira.

Manoel de Oliveira, o realizador de “Aniki-Bobó”, era o cineasta português mais premiado de sempre, tendo visto muitos dos seus filmes receberem distinções de festivais internacionais, de Tóquio a Munique, passando por Lucarno e Berlim.

Também foi premiado com a Palma de Ouro de Cannes e dois Leões de Ouro de Veneza, entre mais de cem prémios recebidos em todo o mundo.

Em 2014, foi condecorado pelo Presidente da República francês, François Hollande, com as insígnias de Grande Oficial da Legião de Honra.

Com um currículo de 47 filmes em 90 anos de carreira, Manoel de Oliveira era o único dos realizadores no ativo cuja carreira começou ainda no cinema mudo, com “Douro, Faina Fluvial” (1931), e chegou à atualidade com "O velho do Restelo", "uma reflexão sobre a Humanidade", estreada em dezembro passado,

Nasceu a 11 de Dezembro de 1908, na freguesia portuense de Cedofeita (a mesma de onde é natural Pinto da Costa), quando D. Manuel II era rei de Portugal, 13 anos após o nascimento do cinema.

Criado no seio de uma família da burguesia industrial do Porto, estudou na Galiza e foi atleta do Sport Club do Porto até ingressar numa escola de atores na cidade Invicta.