O administrador executivo do fundo de investimento Doyen Sports, o português Nélio Lucas, considerou hoje que a sua empresa é "genericamente contra a copropriedade" de passes de jogadores, preferindo o modelo do "coinvestimento".

"O que está aqui em causa são os recursos para aumentar a competividade das equipas a nível nacional e internacional. [...] A Doyen é, genericamente, contra o modelo de copropriedade de um jogador [Third Party Ownership, TPO]. Somos a favor de um modelo TPI, investimento por parte de uma terceira entidade", disse hoje Nélio Lucas num seminário sobre o tema em Madrid.

O responsável da Doyen, que tem trabalhado com clubes portugueses como o Benfica e o FC Porto, bem como com clubes espanhóis como o Sevilha ou o Atlético de Madrid, disse que a sua empresa possibilita aos emblemas "apenas os recursos para que tenham possibilidade de se reforçarem como entendem".

O grande problema, explicou, é que esta tem sido a única forma de os clubes mais pequenos competirem com os clubes mais ricos.

Devido sobretudo aos direitos de transmissão televisiva, as cinco principais ligas de futebol do mundo - Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França - têm muito mais rendimentos do que as outras, o que leva os clubes a procurar outras formas de financiamento.

Assim, os clubes mais ricos - sobretudo os ingleses - podem comprar os melhores jogadores e pagar salários maiores, o que, no entender de Nélio Lucas, resulta num empobrecimento dos plantéis dos clubes de ligas mais pequenas.

"Os clubes ricos são cada vez mais ricos [dos 30 clubes mais ricos do Mundo, 14 são ingleses e cinco são italianos], e por isso a competição é cada vez mais injusta e desvirtuada", disse.

Ou seja, para Nélio Lucas, os reguladores do futebol como a FIFA e a UEFA "estão a criar instrumentos que aumentam a diferença entre os clubes" - as leis do ‘fair-play’ financeiro - e, mais grave, "estão a retirar os poucos instrumentos ao alcance dos clubes mais pobres para que possam competir ao mais alto nível".

"Dizem ‘não podes gastar nem podes pedir para te reforçares'", disse Nélio Lucas, que rejeitou que a sua empresa faça pressões sobre jogadores ou sobre clubes quanto às suas decisões.

"O jogador não faz parte dos nossos contratos e não está sujeito a qualquer tipo de pressão por parte da Doyen", disse o gestor, rejeitando também que esta prática contribua para a viciação de resultados.

Um investidor, disse Nélio Lucas, não tem qualquer interesse em "prejudicar" os seus investimentos ao pedir que um jogador jogue mal ou que um clube perca.

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