O presidente da APAF, José Gomes, considerou hoje “excessivo” o peso dos exames escritos na avaliação final dos árbitros, defendendo que os cinco por cento “desvirtuam” a classificação, situação “ainda mais grave” quanto aos auxiliares.

“Em relação ao que foi a classificação da época passada, falamos de um árbitro com teste muito bom de 89 pontos passar de terceiro para 13.º, se não tivesse teste de 100 pontos. As pessoas sabem o que queremos, que a percentagem neste momento diminua um pouco. Os árbitros aceitam que os testes sejam forma de avaliação, mas não aceitam o peso atual, que altera sete, oito, nove, 10 lugares”, resumiu o dirigente, em declarações à Lusa.

Em causa está o facto de os árbitros da primeira categoria se terem recusado a realizar exames escritos e físicos previstos para sábado, em Tomar, protestando contra o peso destes parâmetros na avaliação final, nomeadamente de cinco por cento, e desejando a alteração do que foi estipulado e aprovado por unanimidade pelo conselho de arbitragem.

Os árbitros resolveram, unilateralmente, escrever apenas o nome no teste escrito, o que levou a secção de classificações a efetuar a respetiva pauta com os resultados. Quanto ao teste físico, os referidos filiados ameaçaram chumbar propositadamente, o que levou a secção de classificações a anulá-lo.

“Se os árbitros fizeram todos isso, estão todos em pé de igualdade na classificação final, que apenas terá em conta o seu desempenho em campo. Não entrará qualquer valor de testes escritos na classificação final”, desvalorizou José Gomes.

O dirigente garante que a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) fez as contas que entende que o CA não fez e garante saber o quer: “Dois/três por cento é suficiente para que haja na mesma um peso significativo no teste escrito. Tem de estudar para o melhor teste possível. Isso foi transmitido ao CA este fim de semana”.

“A APAF sabe claramente o quer. E demonstrou isso com contas feitas, peando na classificação da época passada. Não faz qualquer sentido um árbitro ser o melhor em campo e, pelo facto de ter 89 ou 86, passar de terceiro para 13.º ou de segundo para oitavo”, exemplificou.

E acrescentou: “O que os árbitros disseram a Ferreira Nunes (responsável da seção de avaliação) é que teríamos, em conjunto, de encontrar uma solução. Não queremos impor nada. Uma percentagem aceitável, mesmo que altere um, dois, três lugares e não um que altera 10”.

José Gomes diz que estas alterações “mexem com a vida dos 23 árbitros” e entende que o CA deveria ter comunicado atempadamente as suas intenções de alteração, revelando que as medidas aprovadas sem a sua consulta chegam a implicar “20/30” lugares de diferença na classificação dos 48 auxiliares.

O dirigente refuta ainda a acusação do CA de que a APAF se terá “demitido” de dar o seu contributo para as classificações dos árbitros, revelando que, pessoalmente, já tinha informado os dirigentes de que as regras em vigor são as que deviam permanecer.

José Gomes critica a “inflexibilidade, demonstrações de força e poder” de José Ferreira Nunes, nomeadamente ao recursar em fazer todos os exames a 24 de setembro, juntamente com os árbitros em ação internacional, considerando que “isso não é o melhor para a arbitragem”.

Agora, o presidente da APAF sugere um “trabalho com o departamento jurídico” para resolver o imbróglio das alterações regulamentares com a época em curso, algo que não é permitido.