Quando Artur Soares Dias apitou para o intervalo no Dragão, muitos benfiquistas pensaram que seria possível repetir o resultado da temporada passada, quando um bis de Lima deu os três pontos aos "encarnados". As "águias" tinham menos bola mas mais ocasiões de golo. No segundo tempo a equipa caiu de rendimento, deixou-se dominar e acabou derrotado por um FC Porto que mostrou mais querer. Faltou fôlego e criatividade no meio-campo. (VEJA o resumo dos primeiros 45 min).

Apesar de Rui Vitória ter referido na conferência de imprensa que o Benfica está vivo, os quatro pontos que o separam do eterno rival têm de ser vistos como um alerta na Luz. Mais do que a desvantagem, é a falta de capacidade da equipa em marcar golos longe da Luz. Já são três encontros, todos com derrota, sempre pela margem mínima.

Parte da derrota também pode ser explicada pela demora do técnico em ler o jogo no segundo tempo, numa altura em que o FC Porto estava claramente por cima e criava várias situações de perigo.

A entrada do Benfica foi a que se esperava. Rui Vitória surpreendeu, ao colocar André Almeida no meio-campo ao lado de Samaris, relegando Talisca para o banco. Além disso, mostrou ousadia ao manter o 4-4-2 com Jonas e Mitroglou na frente, negando ceder às evidências de reforçar o meio-campo com um terceiro elemento. A equipa compensou a inferioridade numérica na zona central com o recuo de Jonas para junto dos médios e com Gaitán e Gonçalo Guedes a fecharem muito por dentro. O bloco, médio-alto, retirava espaços ao FC Porto que, mesmo tendo mais bola, não criava qualquer situação de golo.

Até ao intervalo as duas grandes oportunidades de golo do encontro tinham pertencido aos "encarnados", todos na sequência de cantos. (VEJA o primeiro lance). Mitroglou travou um duelo curioso com Iker Casillas mas o internacional espanhol negou as intenções do grego em dois momentos. O poderio ofensivo do Benfica resumia-se as bolas paradas mas era o suficiente já que a equipa mantinha-se coesa a defender, não dando espaços ao FC Porto. (VEJA o segundo lance).

O pior veio com o segundo tempo. Rui Vitória deveria ter refrescado a equipa mais cedo, com a entrada de um terceiro médio, mas mantendo Jonas em campo. Era dos poucos que conseguia segurar a bola, dando tempo a equipa para respirar, perante o volume atacante do FC Porto, cada vez mais intenso. A entrada de Talisca não surtiu efeito e Pizzi entrou já muito tarde.

A equipa raramente conseguiu responder ao volume atacante do FC Porto e só um remate de Mitroglou por cima, de cabeça, parecia mostrar o contrário (VEJA o lance). Demasiado curto para quem ambicionava pontuar. Mais do que não conseguir atacar foi o facto de a equipa não ter conseguido jogar em bloco como tinha feito até ao intervalo, retirando espaços ao FC Porto. Mas também faltou capacidade de criar jogo. A solução poderia passar por colocar Gaitán na zona central, retirando Mitroglou do jogo e refrescando as alas com outro jogador que pudesse aproveitar o espaço deixado pelos defesas do FC Porto, principalmente pelos seus laterais, muito cansados na parte final.

A derrota por 1-0 mostra que o Benfica não está tão distante assim do FC Porto mas é preciso melhorar e muito. Rui Vitória sabe que tem de encontrar soluções a nível ofensivo. O único criativo da equipa é Gaitan mas perde-se em demasia encostado a uma das alas. Zero golos marcados em três jogos gera preocupação nos adeptos "encarnados", numa equipa que até tem mostrado veia goleadora na Luz.

Esta foi também a terceira derrota nos primeiros sete jogos da época, a segunda nos primeiros cinco jogos da Liga, algo que não acontecia desde 2010/2011. O Benfica que tinha marcado sempre nos anteriores quatro encontros com o FC Porto no Dragão, fica em branco pela primeira vez. Para já, fica a quatro pontos do líder logo a 5ª jornada. Mas há um dado que alimenta as esperanças do tri: só por duas vezes uma equipa com duas derrotas à 5.ª jornada foi campeã. Aconteceu com o Benfica em 1976/77 e o Sporting em 2001/02.