Bruno de Carvalho admitiu que o Sporting pode perder no diferendo que mantém com o grupo Doyen e que está sob análise do Tribunal Arbitral do Desporto. Num discurso proferido na Assembleia-geral do clube perante milhares de sócios, o líder leonino sublinhou que o clube irá recorrer aos tribunais civis caso o TAS não lhe de razão no caso da Doyen.

Recorde-se que a Doyen, um grupo de investidores com parcerias com vários clubes, colocou o Sporting em tribunal por entender que os "leões" quebraram o contrato celebrado na altura da contratação de Rojo por parte do Sporting. O clube de Alvalade vendeu o central argentino ao Manchester United por 20 milhões de euros mas optou por dar a Doyen o que tinha investido na altura da contratação do central e não a percentagem que é reclamada pelo grupo.

"Temos de facto toda a razão, não temos dúvidas naquilo que reclamamos e não fazemos a mínima ideia do que será a decisão. Sabemos que se houver justiça ganhamos, se não houver podemos perder tudo ou parcialmente. Vamos recorrer para os tribunais civis se perdermos, iremos à luta. A razão está do nosso lado. Se perdermos a SAD arranjará solução. Ficamos com o pavilhão porque está pago! Esse não nos tiram", sublinhou Bruno de Carvalho.

Ainda no que toca a contas, o líder dos "leões" deixou palavras duras aos que não acreditam no Relatório e Contas enviado à CMVM.

"Tivemos 19 milhões de euros de lucro e disseram logo que roubámos. Com o fortíssimo resultado conseguimos cumprir o fair-play financeiro. Temos a multa suspensa e o castigo de não inscrever dois jogadores, com este resultado tudo acabou. Já não há penas suspensas. Deve-se a um trabalho árduo", apontou Bruno de Carvalho, antes de falar da auditoria que pediu sobre as contas do clube.

"A nossa promessa está cumprida, os sócios podem consultar os dossiers. Está feita a análise do passado. O departamento jurídico e o Conselho Fiscal e Disciplinar tirarão as suas ilações, com a anuência da SAD e com a autorização já dada pelos sócios. Começámos com a criação da SAD, desde José Roquette. Sofremos de uma forte hipocrisia quando tudo começou. Disseram que queremos profissionalizar o clube, ganhar, vencer e dotar o clube de uma série de infraestruturas, mas houve um problema, a solução empresarial foi feita sem qualquer conexão com um clube desportivo. Foi terrível ao ponto em que chegámos. Teve de aparecer esta direção!", sublinhou, falando ainda do pavilhão e do aumento da dívida.

"Os bancos nunca quiseram o pavilhão e não dão um cêntimo para o pavilhão. Não nos emprestavam um tostão. Esta dívida, o aumento do pedido de empréstimo, não altera a reestruturação financeira. Agora trazemos o pedido aos sócios. Alteramos a dívida, claro. Há um aumento de endividamento".

Sobre o futuro, Bruno de Carvalho pediu aos sócios para apoiarem sempre, para que o clube possa continuar a crescer.

"Não me deixem cair. Coloquei o Sporting em primeiro lugar. Destrui qualquer possibilidade futura de trabalhar em Portugal. Optei por enfrentar tudo o que fosse necessário pelo Sporting. Não peçam às pessoas para vir trabalhar de borla, isso não existe. É preciso muita vitamina para enfrentar o que é o Sporting. As pessoas têm de ser profissionais e responsáveis pelo seu trabalho. Não é a ter famílias para sustentar e outros trabalhos. Esta malta no clube consegue ter resultados positivos em duas épocas. Os sócios têm de escolher", pediu.