O presidente da Associação Portuguesa de Direito Desportivo (APDD), Rui Alexandre Jesus, enalteceu esta quinta-feira a legislação existente para o combate à violência no desporto, em contraponto com a praticamente ausente na sua prevenção.

"Nos últimos oito anos têm sido experimentados vários modelos de combate à violência no desporto, ou seja, na segurança em recintos desportivos, o que não quer dizer que não tenham de ser aperfeiçoados. Portugal melhorou muito nesse aspeto, mas a prevenção tem ficado um pouco de lado, permitindo a criação de ambientes propícios à ocorrência de violência", explicou o presidente da APDD, em declarações à agência Lusa.

De acordo com a avaliação da APDD, em Portugal, "não há muita legislação quanto à prevenção", salientando, contudo, que os partidos políticos e os elementos do Conselho Nacional do Desporto concordam "que ainda há algo a fazer".

Instado a comentar o clima de crispação no futebol português, em particular entre os ‘grandes’ de Lisboa, Benfica e Sporting, em vésperas do dérbi da oitava jornada da I Liga, no domingo, o presidente da APDD afirmou, na sua opinião pessoal, que "falta trabalhar a ética desportiva".

Rui Alexandre Jesus recordou a existência de um código de ética, assinado por todos os agentes em julho de 2014, que tem como resolução a regulação dos comportamentos para a prática desportiva de forma saudável.

"O problema é que falta sancionar quem não cumpre estes padrões de ética definidos", frisou Rui Alexandre Jesus, apontando como casos de declarações públicas e comportamentos eventualmente puníveis.

Estas possíveis falhas sancionatórias decorrem de as punições serem da competência "de cada órgão disciplinar federativo, cujos regulamentos são feitos pelos próprios clubes". "A questão é que não acontece nada a quem não cumpre", sublinhou Rui Alexandre Jesus, admitindo que "enquanto não houver sanções exemplares não haverá alteração de mentalidades".

O presidente da APDD, opinando a título pessoal, apontou como exemplo o caso de Itália, onde, além do código de ética, foi criado um órgão para punir quem não o cumpre.

"Era um futebol problemático, mas diminuíram muito com sanções de encerramento de estádios", rematou Rui Alexandre Jesus, concluindo que, neste caso, a repressão serviu de prevenção.