Num dia em que grande parte das atenções estavam voltadas para o 'dérbi' lisboeta, o norte do país fazia-se representar num jogo grande no Estádio do Dragão, com esperança de uma partida animada e com golos para festejar. Não foi o que aconteceu. O que se viu foi um duelo entre uma equipa em busca da 21ª vitória consecutiva em casa mas com pouco acerto para o conseguir e um adversário combativo e convicto das suas capacidades para travar os anfitriões.

Ambas as equipas chegavam a este jogo com registos claramente positivos. Tanto o FC Porto como o Sporting de Braga vinham de triunfos europeus, com cinco golos marcados entre os dois, e os 'dragões' tinham também o aliciante da notável série de 20 vitórias caseiras consecutivas, interrompida este domingo. Além disso, a equipa de Julen Lopetegui sabia já que apenas uma vitória seria suficiente para continuar no topo da Liga, dado o triunfo do Sporting na Luz.

Apesar de não faltarem fatores de motivação, o FC Porto não conseguiu demonstrar a sagacidade necessária diante de um adversário aguerrido. Os 'dragões' conseguiram a maior parte das oportunidades ao longo de todo o jogo, mas mais pela estratégia defensiva da equipa de Paulo Fonseca do que por mérito próprio. As alas do ataque portista, habituais fontes de perigo, estiveram pouco eficazes. Tello demonstrou quase sempre pouca imaginação e Brahimi foi bem anulado por Baiano e muitas vezes remetido a zonas mais recuadas do terreno.

O esforço de Aboubakar, como sempre incansável a tentar criar ocasiões, não chegava. O camaronês protagonizou logo aos 10 minutos uma belíssima jogada que por pouco não deu em golo, mas daí para a frente não teve tantas oportunidades como habitualmente, em grande parte devido à falta de inspiração dos colegas de equipa. A exceção era Layún: o lateral mexicano voltou a surpreender pela positiva e esteve sempre muito ativo no ataque, com vários passes perigosos.

No meio-campo portista também parecia haver pouca convicção. Sem Rúben Neves para comandar as tropas - o jovem médio ficou no banco e só entrou a os 76' - a transição para o ataque estava debilitada, em particular porque Imbula, tal como frente ao Maccabi, não conseguia transportar o jogo da melhor forma e arriscava pouco, motivando assobios dos adeptos portistas.

Do outro lado, o Sporting de Braga demonstrava-se quase sempre eficaz a limitar o FC Porto a remates de longe, com uma linha defensiva recuada e muito bem organizada. Nos contra-ataques, Rafa conseguia assustar a defesa portista, tal como o sérvio Stojiljkovic, que fazia com que a ausência de Hassan fosse menos sentida.

Também Kritciuk, o guarda-redes da equipa bracarense, conquistou papel de destaque, em particular graças à defesa a remate de Tello aos 39 minutos. Quando a defesa dos minhotos deixou espaços para o FC Porto explorar, o guardião russo correspondeu e ajudou a segurar um empate valioso, que representa ainda o oitavo jogo consecutivo sem perder da equipa de Paulo Fonseca.

A estratégia defensiva do Sporting de Braga mereceu comentários de Julen Lopetegui. Mesmo sem criticar, o treinador espanhol salientou que a formação minhota "só quis defender". Já Paulo Fonseca fez questão de destacar o trabalho dos seus jogadores, que para o técnico "foram verdadeiros heróis".

Se o Sporting de Braga festeja o empate que vale o quarto lugar - os minhotos estão a um ponto do Rio Ave, que é terceiro - o FC Porto lamenta o fim de uma série histórica de triunfos em casa e o facto de ter deixado o Sporting isolado no topo da classificação. Ainda assim, Lopetegui fez questão de garantir aos adeptos portistas que o campeonato será por fim conquistado.