Nove anos depois do último triunfo - a última derrota dos “encarnados” em casa frente ao Sporting tinha sido em 2006 - os “leões” voltaram a conhecer o doce sabor do triunfo (3-0). Em tarde de domingo de muita chuva, Jorge Jesus regressou à Luz para obter novo triunfo sobre Rui Vitória, depois de ter ganho o primeiro round no encontro da Supertaça.

Sporting:

Depois do ambiente de hostilidade que antecedeu o dérbi, há um claro vencedor: Jorge Jesus. Depois de ter feito descansar 10 titulares na partida frente ao Skenderbeu, o técnico de 61 anos ganhou a aposta, porque a frescura técnica e tática da sua equipa acabou por ser a chave do triunfo frente aos “encarnados”. Com o capital de confiança obtido a meia da semana, depois da goleada frente ao conjunto albanês, os “leões” foram frios e calculistas e conseguiram geri-la com mestria. Mas como jogou o leão?

Chave do jogo

Jorge Jesus apostou num esquema tático com Adrien mais fixo, mas com João Mário (ligeiramente descaído à direita) e Bryan Ruiz a circular na zona interior, ou seja, o meio campo do Sporting foi sempre superior em número ao miolo encarnado, que esteve despovoado, contando apenas com André Almeida e Samaris nessa zona. Foi a ação dos jogadores nessa área do terreno que deu origem às perdas de bola que resultaram nos golos dos “leões”.

Filme do jogo:

O Benfica até entrou a dominar, mas os “leões” souberam resistir à avalanche inicial da equipa da casa e foram capazes de manter a coesão e organização, fruto das grandes exibições de João Mário e Adrien, autênticos patrões do meio campo, secundados também de forma exímia por William Carvalho e por Bryan Ruiz, que fez porventura a melhor exibição desde que está ao serviço do Sporting. Nos momentos cruciais, tal como o “leão” é predador letal na savana africana, o conjunto de Alvalade soube desferir golpes mortais, deixando o adversário moribundo e sem capacidade de resposta.

Foi em duas perdas de bola da equipa benfiquista que os “leões” fizeram dois dos três tentos. Uma infantilidade de André Almeida permitiu que Adrien Silva recuperasse a bola e com um passe sublime, isolasse Teo Gutierrez para este fazer o primeiro partida. No terceiro tento da equipa forasteira, nova falha do miolo “encarnado” a permitir a recuperação de bola de Slimani, que depois originou o terceiro dos “leões”, por intermédio de Bryan Ruiz. Só o cabeceamento triunfal do argelino após cruzamento de Jefferson não resultou de perda de bola do conjunto da casa. Mas estes factos não retiram mérito ao Sporting, que venceu a partida de forma inteiramente justa.
Homem do jogo:

Foi para nós Slimani. Pela forma como pôs em sentido a defesa do Benfica, foi o primeiro homem a defender num conjunto que se revelou muito forte coletivamente. Trabalhador incansável fez o segundo golo dos “leões” e teve no tento de Bryan Ruiz ação preponderante já que é através de um remate do argelino, que resulta o golo do costarriquenho.

Benfica

Depois da equipa da casa ter perdido na Turquia para a Liga dos Campeões, Rui Vitória optou por apostar no mesmo onze que defrontou o Galatasaray. O Benfica iniciou o jogo de forma personalizada, valendo-se da dinâmica ofensiva de Gonçalo Guedes e Nico Gaitán, após o golo sofrido, diga-se, contra a corrente do jogo, os “encarnados” nunca foram capazes de reagir a esse duro revés.

O Benfica, ao contrário do adversário que trouxe a lição bem estudada, apareceu no exame aparentemente dando a impressão que só tinha revisto a matéria de véspera. Encostado à parede pela forte pressão do meio campo leonino, o jogo “encarnado” em vez de fluir começou a tombar logo na primeira fase de construção já que foi através de perdas de bola em zona proibida que resultaram os golos dos “leões”.

Com o meio-campo na boca do “leão”, Jonas e Jiménez na frente de ataque foram presas fáceis para a defensiva verde-e-branca. A baixa rotação de Gaitán, que se deu muito a marcação teve impacto determinante na performance ofensiva das “águias”.

Com três zero ao intervalo, Rui Vitória tentou reforçar o meio campo, retirou Eliseu e lançou Fedja, mas numa tarde em que tudo estava a correr mal, o sérvio acabou por sair por lesão. Mas a desinspiração “encarnada” também começou atrás, a começar na titubeante exibição de Luisão, que deixou Slimani solto de marcação para o argelino fazer o segundo golo dos “leões”. Já na segunda parte, o veterano defesa brasileiro quase fez autogolo num atraso, valendo a agilidade de Júlio César para evitar o quarto golo da noite.

Diga-se em abono da verdade que a única e verdadeira ocasião dos “encarnados” resultou numa perda de bola de Naldo (70 minutos). Raúl Jimenez isolou-se, mas foi incapaz de bater Rui Patrício.

Mas vamos a factos: Rui Vitória esta temporada já leva duas derrotas frente a Jorge Jesus, na Supertaça e para o campeonato. Daqui a um mês há novo tira-teimas na partida da Taça de Portugal. Os “encarnados” estão já a oito pontos da liderança do Sporting, apesar de terem um jogo a menos. Com a escorregadela do FC Porto frente ao Sporting de Braga (0-0), o conjunto verde-e-branco é líder do campeonato. Mas a procissão ainda vai no adro…Mas algo é indesmentível: Este Sporting, com o triunfo categórico na casa do rival, afirmou-se definitivamente como um fortíssimo candidato ao título. O Benfica bicampeão nacional, 55 jogos depois, voltou a perder na Luz para o campeonato.

No final da partida, Jorge Jesus comentou a vitória por 3-0 no seu regresso ao Estádio da Luz, onde passou seis temporadas, e não deixou de lançar uma 'farpas' ao seu sucessor após o triunfo no 'dérbi' da 2ª Circular.

Rui Vitória acredita que vai tirar a equipa desta situação e colocar o Benfica nos primeiros lugares da tabela.