O Benfica mostrou esta quarta-feira que não vai abdicar do título de bicampeão conquistado na época passada e deu uma prova de força ao golear o Marítimo por esclarecedores 6-0 no primeiro jogo de 2016 no Estádio da Luz.

Em noite de Reis, Eusébio da Silva Ferreira foi recordado com um minuto de silêncio antes do apito inicial e apesar da fraca assistência no Estádio da Luz a homenagem silenciosa encheu o recinto de emoção, tal como aconteceu há dois anos atrás quando os adeptos encarnados se despediram do 'King'.

Para o jogo com o Marítimo, o Benfica apresentou algumas surpresas no onze inicial, nomeadamente Raúl Jiménez na frente de ataque e Fejsa no meio campo ao lado de Renato Sanches. Nas alas, Rui Vitória apostou em Carcela, para colmatar a ausência de Gaitán, e em Pizzi, o extremo português que na época passada actuou grande parte da temporada ao lado de Samaris no meio-campo.

Ainda com os cânticos nas bancadas a invocar Eusébio, foi o Marítimo a dar o pontapé de saída na Luz. O Benfica assumiu rapidamente a posição de anfitrião, e foi com naturalidade que impôs o seu domínio perante uma equipa que não deu sinais de inibição por estar a jogar no reduto do bicampeão.

No entanto, a equipa de Ivo Vieira sofreu uma contrariedade logo nos instantes iniciais de jogo e perdeu o guarda-redes Salin após a marcação de um pontapé de baliza. O guarda-redes francês acabou por ser substituído aos 7 minutos por José Sá.

O jogo prosseguiu com o forte domínio do Benfica, e aos 12 minutos Jonas consegue desmarcar Raúl Jiménez com uma assistência que colocou o avançado mexicano isolado frente a José Sá. No entanto, o guarda-redes português levou a melhor e o marcador manteve-se 0-0.

Carcela e Pizzi procuravam criar desequilíbrios, mas era Jonas quem mais se mexia na frente à procura de espaços que conduzissem os seus companheiros de equipa à baliza de José Sá. O Marítimo praticamente só defendia nos instantes iniciais até que aos 19 minutos os madeirenses quase chegam ao golo num ataque rápido conduzido por Edgar Costa, que frente a Júlio César decidiu servir Dyego Costa, com o remate cruzado do ponta-de-lança a ser travado pelo guardião brasileiro para canto.

Na sequência do pontapé de canto, o Marítimo voltou a criar calafrios nas bancadas da Luz quando Marega foge pela direita aos 21 minutos e cruza tenso para a área do Benfica onde surgiu Lisandro López a cortar a bola antes que Dyego Sousa surgisse para inaugurar o marcador.

As situações de perigo junto à área de Júlio César não agradaram às bancadas da Luz, e os assobios cortantes começaram a sentir-se no relvado. E acabou por ser num lance entre dois extremos que surgiu o primeiro golo do jogo aos 29 minutos com Carcela a subir pelo lado esquerdo e cruzar para a área do Marítimo, onde Pizzi conseguiu aproveitar alguma falta de concentração dos defesas adversários para num remate inaugurar o marcador.

O golo deu mais tranquilidade aos encarnados, que cinco minutos viam Pizzi a bisar após combinação entre Carcela e Raúl Jiménez pelo lado esquerdo. A vencer por 2-0 as bancadas sossegaram, e ainda se festejava o segundo golo de Pizzi quando Jonas obriga José Sá a uma defesa incompleta para a recarga de Raúl Jiménez para o 3-0.

O Benfica regressou então aos balneários a vencer com uma margem confortável, enquanto o Marítimo acabava por ser muito penalizado pela extrema eficácia do adversário que em seis minutos marcou três golos.

O segundo tempo de jogo começou sem alterações nas equipas, e arrancou logo com uma grande penalidade cometida por João Diogo sobre Jonas. Chamado à conversão, o avançado brasileiro não facilitou e rematou para o 4-0.

Tal como na primeira parte, ainda se festejava o quarto golo do melhor marcador do campeonato e já Carcela caía na grande área do Marítimo dois minutos depois. Jonas voltou a ser chamado à marcação do castigo máximo, e cheio de moral rematou para o mesmo lado fazendo o 5-0.

A vencer por 5-0 no Estádio da Luz não restou ao treinador do Benfica outra opção que não fosse a gestão do esforço de alguns jogadores. Rui Vitória fez então uma dupla substituição para a última meia hora de jogo com a entrada de Gonçalo Guedes e Talisca, e a saída de Jonas e Renato Sanches.

E logo na primeira vez que Talisca tocou na bola foi para a colocar no fundo das redes do Marítimo. Bastaram 24 segundos para que o brasileiro ampliasse o resultado para 6-0 num remate de fora da grande área sem hipótese de defesa de José Sá.

Com o jogo praticamente sentenciado, o Benfica poderia ter dilatado ainda mais o resultado, mas a displicência de Raúl Jiménez aos 75 minutos deixou as bancadas encarnadas à beira de um ataque de nervos quando o avançado mexicano tentou fazer o 7-0 de 'chapéu'.

Logo a seguir, Rui Vitória tirou o avançado mexicano e lançou Mitroglou para os aplausos da plateia, que viam no grego uma opção mais válida para ampliar o 'score'.

No entanto o resultado não iria sofrer mais alterações com o Benfica a sair um justo vencedor de um jogo em que o Marítimo acabou por ser prejudicado ao não aproveitar as ocasiões de golo que teve frente a uma equipa extremamente eficaz no final do primeiro tempo e no início do segundo.

Com este resultado, o Benfica conseguiu igualar o FC Porto no segundo lugar, e cimentou o estatuto de melhor ataque de um campeonato liderado pelo Sporting.

Positivo: Pizzi e Carcela

Os extremos do Benfica conseguiram dar dinâmica e profundidade à equipa tendo praticamente sentenciado o jogo no final da primeira parte.

Negativo: Renato Sanches e Raúl Jiménez

O médio português teve uma noite de menor fulgor, assim como o mexicano, que apesar de ter marcador o 3-0 não mostrou o 'instinto fatal' que se exige a este nível.


Curiosidades:

- 5.ª vez que o Benfica marca 6 ou mais golos ao Marítimo.
- Desde 2009/10 que o Benfica não marcava 6 ou mais golos em 2 jogos caseiros da Liga.
- Maiores goleadas do campeonato: Benfica 6-0 Belenenses; Paços Ferreira 6-0 União da Madeira; Benfica 6-0 Marítimo; Vitória Setúbal 0-6 Sporting.
- O 1.º golo do Benfica, da autoria de Pizzi, foi o 50.º dos encarnados esta época.
- Maior derrota do Marítimo desde 2008/09, também aí frente ao Benfica, mas na Madeira.
- O Benfica tem mais golos em casa do que 16 equipas do campeonato em todos os jogos.
- 8.ª vitória nos últimos 9 jogos do Benfica no campeonato.
- José Sá sofreu 11 golos em 3 jogos na Liga, sendo que apenas um desses desafios foi completo.
- 41 golos à 16.ª jornada: o Benfica tem mais golos do que nas 2 últimas épocas (31 em 13/14, 37 em 14/15).
- 30 golos marcados em casa em 9 jogos: nos últimos 25 anos, só em 2009/10 o Benfica tinha mais (32).
- 4.º jogo consecutivo do Benfica sem sofrer golos.