Manuel José fez uma radiografia do atual momento do Benfica. O antigo treinador dos "encarnados" elogiou Rui Vitória pela forma como conseguiu dar a volta às adversidades, construir uma equipa recuperar terreno para os rivais e chegar à liderança. Apesar dos elogios, há um defeito que o antigo treinador do Al Ahly do Egito aponta a Rui Vitória: devia aproveitar parte do trabalho de Jesus.

"Há um pormenor que o Rui Vitória devia ter aproveitado do trabalho do Jorge Jesus, que é a intensidade de jogo, a capacidade de reação na recuperação da bola. O Benfica só agora começa a fazer isso. Tanto em Alvalade como com o Zenit, o Benfica entrou forte, a pressionar, mas foi-se apagando. E na Rússia sofreu um golo que o obrigou a correr atrás do prejuízo. No Sporting, o Jorge Jesus implantou isso muito rapidamente", comentou o treinador, em declarações reproduzidas pelo ´Record`.

O antigo treinador dos "encarnados" é de opinião que a ´guerra` entre Jesus e Rui Vitória no início de época foi mais prejudicial para o atual técnico do Benfica.

"Ele nunca devia ter respondido ao Jorge Jesus. Os jogadores conhecem bem o Jorge Jesus e o enorme ego que tem. O que ele devia era ter ironizado, porque o tempo permite dar as melhores respostas. Os murros na mesa não foram bem dados. Aquilo do Rui Vitória ir para a Supertaça e dizer que não sabia se ia defrontar uma equipa ou onze jogadores não lhe ficou bem", sublinhou Manuel José, que vê um Rui Vitória diferente, mudado.

"Rui Vitória respeitou o equilíbrio e isso contagiou os jogadores. Ele aprendeu a lidar com a pressão, vê-se que está mais tranquilo no banco e passa essa tranquilidade para dentro de campo", defende Manuel José.

Para o agora comentador da RTP, o início menos positivo do Benfica deveu-se aos seis anos de trabalho de Jesus na Luz.

"Os primeiros tempos não foram fáceis, porque Rui Vitória teve de substituir um treinador com seis anos de clube e três campeonatos ganhos, dois consecutivos. Havia formas de treinar e rotinas que não se mudam facilmente e levam o seu tempo. Mas, como se sabe, num clube grande, o que não há é tempo. É preciso ganhar. Depois, o Benfica fez um desinvestimento no plantel e a apostou na formação. A pré-época foi desastrosa, feita para ganhar dinheiro, não para preparar a equipa. A fatura apareceu logo na Supertaça, e na Liga, com um mau início", atirou.