Quando foi nomeado treinador do FC Porto a 19 de janeiro de 2016, José Peseiro estava longe de imaginar que ia ter tantas dificuldades para colocar os "dragões" na rota das vitórias. A verdade é que nos quase dois meses de trabalho no Olival, o técnico já deparou vários problemas, entre lesões e castigos, sem contar com as saídas no mercado de inverno. O técnico tem sido obrigado a inventar soluções, principalmente na defesa, o sector mais afetado.
Além das lesões e castigos, José Peseiro vinha a enfrentar outro problema: um calendário muito apertado, que só ficou aliviado com o apuramento da equipa para a final da Taça de Portugal e o afastado da Liga Europa. No ano de 2016, esta foi a primeira semana em que José Peseiro conseguiu ter um maior período para preparar um jogo, já que a equipa vinha a jogar domingos e quarta ou quintas-feiras. Antes, o período de maior descanso tinha sido entre a derrota com o Arouca (1x2) e o triunfo na Luz (1x2), de um domingo a uma sexta, com quatro dias de intervalo.
Defesa remendada
O sector recuado tem sido o mais afetado por lesões e castigos. A equipa tarda em consolidar o processo defensivo muito por culpa das muitas mexidas feitas. O FC Porto emprestou Lichnovski para o Sporting Gijon de Espanha e Maicon ao São Paulo do Brasil, pelo que apenas ficou com dois centrais. Chidozie foi promovido da equipa B mas é um miúdo de 19 anos com pouca experiência.
Dos doze jogos que leva à frente do FC Porto, só por três vezes Peseiro conseguiu ter os dois centrais a fazerem dupla no centro da defesa: aconteceu na derrota fora frente ao SC Braga, na vitória no Estoril por 3-1 e no primeiro jogo frente ao Marítimo em casa (1-0). De lá para cá, o técnico tem vindo a "inventar" soluções numa defesa muito remendada. Curiosamente, o miúdo Chidhozie tem sido o mais utilizado no centro da defesa, ele que já fez dupla com Marcano, Indi, Maicon e ... Layún. O nigeriano foi titular em seis dos 12 jogos de Peseiro à frente do FC Porto. Já fez dupla com Marcano (2), Indie, Maicon e ainda o lateral Layún, desviado para o centro da defesa.
Doze jogos, sete duplas de centrais
Nestes doze encontros, Peseiro utilizou as seguintes duplas: Maicon e Marcano, Maicon e Indi, Marcano e Chidozie, Indi e Marcano, Indi e Chidhozie, Layun e Indi, Layún e Chidozie. Demasiadas mudanças num setor muito débil esta época. Talvez isso explique os seis jogos seguidos a sofrer golos na I Liga, naquela que já é a pior série do FC Porto desde 2006/2007. Desde que José Peseiro assumiu o comando da equipa, apenas na estreia contra o Marítimo o FC Porto não sofreu golos (1-0). De lá para cá, Iker Casillas jamais voltou a terminar um jogo em branco na I Liga. Foi assim com o Estoril (vitória por 3-1), Arouca (derrota por 2-1), Benfica (vitória por 2-1), Moreirense (vitória por 3-2), Belenenses (vitória por 2-1) e SC Braga (derrota por 3-1).
Frente ao SC Braga, por exemplo, a defesa foi batida por três vezes, algo que não acontecia desde a temporada 2011/2012, quando foi derrotado pelo Gil Vicente por 3-1 em Barcelos. Aliás, esta viria a ser derrota dos azuis e brancos na Liga durante as duas épocas em que Vítor Pereira comandou a equipa.
Se alargarmos a análise das mexidas na defesa a todo o sector, é possível verificar que só em dois encontros consecutivos José Peseiro repetiu o quarteto defensivo. Aconteceu diante do Marítimo e do Estoril, com Maxi Pereira, Bruno Martins Indi, Iván Marcano e Layún a formarem a defesa dos "dragões".
Frente ao União da Madeira, Peseiro terá de voltar a mexer no quarteto defensivo mas também no meio-campo, já que não poderá contar com Indi (castigado), Marcano (lesionado), André André e Danilo (castigados). Na defesa, Chidozie é o único central disponível. Layún deverá ser desviado para a zona central, o que abre a vaga da lateral esquerda para José Angel, ficando Maxi no lado contrário.
No meio-campo, Danilo deverá ser substituído por Ruben Neves. Sem André André (castigado) e Evandro (lesionado), Sérgio Oliveira é a única escolha para formar o trio com Herrera e Rúben Neves. Peseiro tem ainda dois médios da equipa B na convocatória: Graça e Francisco Ramos.
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