O presidente do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho, anunciou hoje a intenção de readquirir a maioria do capital social da SAD e deixou críticas à gestão da administração liderada por Rui Pedro Soares, acusando-a de "dividir para reinar".

Na Assembleia-Geral (AG) extraordinária, que teve lugar no Pavilhão Acácio Rosa, o líder do clube do Restelo discursou durante hora e meia, perante mais de 300 associados, enumerando os vários motivos que têm desgastado as relações do clube com a SAD.

Contudo, seria no final da intervenção que Patrick Morais de Carvalho revelou as intenções do clube, que passam por recuperar a posição maioritária na sociedade anónima, atualmente detida pela Codecity Sports Management, de Rui Pedro Soares, que gere o futebol profissional.

"A grande divergência é que a Codecity entende que o clube não tem direito a recomprar e o clube entende que tem esse direito. É isto que está em causa. Os contratos estão válidos, queremos recomprar e vamos encontrar a melhor forma para o fazer. Ou compramos a SAD ou a SAD nos compra a nós. Se a SAD nos comprar, o clube acaba", vincou.

Segundo o presidente do Belenenses, o clube tem direito a recomprar a maioria do capital social, tendo para isso de notificar a Codecity desta intenção em duas 'janelas', segundo consta do acordo parassocial assinado entre as duas partes: a primeira, já passada, entre outubro de 2014 e janeiro de 2015, e a segunda entre outubro de 2017 e janeiro de 2018.

De resto, Patrick Morais de Carvalho criticou esses dois períodos que constam do acordo parassocial, por coincidirem com períodos eleitorais no clube, e deu a entender que irá antecipar o próximo ato eleitoral.

"Posso revelar que, enquanto eu for presidente do Belenenses, não haverá eleições em 2017. Haverá antes. O clube tem de notificar a SAD da intenção de recomprar a SAD e a Codecity é obrigada a vender", frisou.

O presidente do Belenenses acusou o investidor de "falta de nobreza e de capacidade financeira", lembrando que "ninguém conseguiu pacificar as relações" entre as entidades e "quem vier a seguir também não conseguirá".

Patrick Morais de Carvalho admitiu que o clube deve 124 mil euros à SAD, 108 mil dos quais referentes ao Totonegócio, que estão retidos na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), mas, por outro lado, adiantou que a SAD deve 638 mil euros ao clube, referentes a direitos de formação de antigos atletas, comparticipação da UEFA para a formação, consumos de eletricidade e água, entre outros.

Ainda segundo o líder dos 'azuis', desde 2013, a atual administração da SAD contraiu dívidas no valor 1,4 milhões de euros, tendo como credores os treinadores Jorge Simão, Mitchell van der Gaag e Lito Vidigal, e vários antigos e atuais jogadores, como Fábio Sturgeon, Tiago Silva ou Tiago Caeiro.

Neste discurso, foi ainda revelado que o Benfica detinha 50 por cento do futebolista Fredy, o qual rendeu 100 mil euros aos 'azuis' e outros 100 mil euros aos 'encarnados', na sequência da transferência para os angolanos do Recreativo do Libolo, em janeiro do ano passado.