O diretor de conteúdos da BTV, Pedro Guerra, vai lançar na próxima terça-feira um livro intitulado 'Alma Benfiquista' onde revela vários pormenores dos bastidores do futebol português, nomeadamente do Benfica e da passagem de Jorge Jesus pelo emblema da Luz.
O conhecido adepto dos 'encarnados' não poupa nas críticas a Jorge Jesus e à forma como o treinador negligenciou a formação do Benfica ao longo de seis anos.
Para além dos ataques a Jorge Jesus, Pedro Guerra elogiou ainda o 'amigo' Octávio Machado, com que partilhou um painel televisivo na CMTV, e o presidente Luís Filipe Vieira.
Já sobre os 'ódios de estimação' a Eduardo Barroso ou Jorge Coroado, Pedro Guerra revela que os dois estiveram perto de partir para a agressão depois de uma discussão acessa na televisão.
Num livro de 160 páginas, o diretor de conteúdos da BTV conta ainda vários episódios curiosos do futebol português tais como a ignorância de Jorge Jesus sobre as características de Matic ou o afastamento de Diamantino pelo atual técnico do Sporting.
"Em três jogos [na época passada], Gonçalo Guedes é lançado a um minuto do final do tempo regulamentar. Uma atitude que pode ser fatal a um jovem talento (...) algo considerado anedótico e incompreensível, pelos responsáveis da SAD. Quem hoje conhece o percurso do jovem jogador, não pode deixar de recriminar a conduta de um treinador que, pasme-se, é considerado como o melhor técnico da Liga portuguesa! Foi preciso chegar Rui Vitória para a aposta nos jovens formados no Seixal ser uma realidade", pode ler-se no livro que será lançado na próxima semana.
"[Sobre] o lateral direito João Cancelo, hoje no Valência, Jesus respondeu-me que seria um extremo. Quando Jesus teorizou sobre Bernardo Silva percebi que o jogador tinha o destino traçado (...) num dia posicionou Bernardo num treino a lateral-esquerdo (...) nunca pensei que a hipocrisia pudesse ser tão refinada e maldosa", escreveu Pedro Guerra sobre a forma como Jorge Jesus via os jogadores formados no Benfica.
"Ederson, Lindelöf, Gonçalo Guedes e Renato Sanches são valores seguros; e há uma certeza que todos os benfiquistas têm por estes dias - com Jorge Jesus isto jamais seria possível. Lembro me bem do que Jorge Jesus me dizia acerca de Jonas, das dúvidas que tinha em relação ao seu real valor. Um dia chegou a confidenciar-me que Jonas era bom apenas para os jogos em casa", pode ler-se no livro de Pedro Guerra.
O amigo Octávio e a admiração por Luís Filipe Vieira
"Sobre Octávio Machado só tenho a dizer bem. É um homem com 'h' grande, amigo do seu amigo e um grande contador de estórias. Admiro-o imenso. Confesso que fiquei aflito com a notícia de que fora internado, antes do Nacional-Sporting, a 13 de Fevereiro (...) nessa hora não hesitei em enviar-lhe uma SMS. Tenho saudades das nossas conversas após os programas. Com o seu regresso ao Sporting engrossou a onda antibenfiquista primária. Um dos seus principais alvos tem sido, de forma injusta, João Gabriel, director de comunicação do Benfica e o rosto da instituição. Octávio continua, erradamente, a pensar que João Gabriel foi um dos responsáveis pela saída do seu amigo Jorge Jesus do Benfica", pode ler-se no referido livro.
Sobre Luís Filipe Vieira, Pedro Guerra não poupou elogios à postura do presidente do Benfica e como a sua ambição não tem limites.
"Quem conhece o presidente sabe bem que a sua ambição não tem limites (...) Perdi a conta às vezes em que me disse - "ainda estás a comemorar? Isso é passado! Temos que olhar para a frente e prepararmo-nos para conquistar mais!". "No final da época 2014/2015, Jorge Jesus resolveu sair para Alvalade e (...) ninguém na SAD tremeu ou entrou em pânico. Porquê? Porque a famosa estrutura que Vieira construiu ao longo de 13 anos permitiu fazer regressar a máxima do Velho Capitão Mário Wilson: "quem joga no Benfica arrisca-se a ser Campeão".
Vieira abomina discursos arrogantes e fanfarrónicos. Várias vezes, em conversa, me queixei das equipas de arbitragem. A resposta, invariavelmente, foi a seguinte: "Não me fales nas arbitragens! Se existiram erros, fazem parte dos jogos. Temos é que jogar mais e melhor! Luís Filipe Vieira é o homem certo no lugar certo e só espero que se mantenha, por muitos e longos anos, ao leme do clube", escreveu Pedro Guerra sobre o líder do Benfica.
Apesar dos vários temas no livro, o alvo preferencial de Pedro Guerra é mesmo Jorge Jesus, antigo treinador do Benfica que esta época transferiu-se para o rival Sporting. O conhecido adepto do Benfica não poupa nas críticas ao técnico leonino e faz revelações sobre a alegada ignorância de Jorge Jesus sobre Matic ou os prémios que auferia no clube da Luz.
"O Chelsea incluiu o desconhecido Matic no negócio David Luiz. Luís Filipe Vieira informa-se acerca da valia do médio, na altura cedido aos holandeses do Vitesse, e decide arriscar. O presidente fala, previamente, com Domingos Soares de Oliveira e ambos decidem avançar para a fase final do negócio.
"[Jorge Jesus iria ganhar] 400 000 mil euros, se atingisse as meias finais da Liga dos Campeões; 500 000, se atingisse a final; um milhão se vencesse a Champions; 150 000, se se qualificasse para 1/8 final da Liga Europa; 150 000 para 1/4 final da UEFA Europa League; 200 000 referente à qualificação para as meias-finais da UEFA Europa League; 500 000 se vencesse a segunda prova", revelou Pedro Guerra.
"O problema esteve na humildade do técnico e sentido de justiça, e em ter insistido, de forma reiterada quer em público, quer em privado, que o único responsável pelo mérito das conquistas era ele próprio (...) Diamantino ajudou a conquistar dez títulos, treinava a equipa de juniores e Jesus decidiu pô-lo à margem", revelou Pedro Guerra sobre o afastamento de Jorge Jesus.
Em relação às 'picardias' com Jorge Coroado e Eduardo Barroso, Pedro Guerra faz revelações curiosas e descreve mesmo duas situações em que esteve perto da violência física.
"Quando chega a parte sempre quente de discussão, quanto à polémica dos lances de arbitragem, decidi invocar o argumento sempre fatal e bastante incómodo: 'Quem jogou futebol federado sabe perfeitamente que'...". (...) É um argumento demolidor. As picardias com este especialista [Jorge Coroado] (...) atingiram um ponto em que estivemos quase a chegar a vias de facto, após um programa bem quente. Fez-me uma espera à porta do estúdio da CMTV e insultou-me de tudo. Um ordinário da pior espécie. Provocou-me para ver se eu lhe punha as mãos na cara, mas evitei sujá-las", escreveu sobre o ex-árbitro Jorge Coroado.
"O programa acabou com o referido senhor [Eduardo Barroso] a dirigir-se a mim em termos muito agressivos, chegando a dizer que, se fosse mais novo, fazia e acontecia. Limitei-me a retirar os óculos calmamente e a desafiá-lo - "Vá lá, quer bater-me, não é? Veja lá se é capaz! Ou será que não passa de um cobarde?". Este ainda cerrou as mãos e Bruno de Carvalho gritou-lhe: "Ó Eduardo... não faça isso! Isso é o que ele quer!", frisou Pedro Guerra.
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