O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, afirmou hoje que há presidentes sem capacidade para terem um treinador como Jorge Jesus, em alusão ao homólogo do Benfica, Luís Filipe Vieira.

“O Jorge Jesus não é treinador para qualquer presidente. Há presidentes que não têm capacidade para terem um treinador como Jorge Jesus”, disse o líder do Sporting numa entrevista ao Jornal da Noite da SIC, em resposta ao presidente ‘encarnado’, para quem o técnico ‘leonino’ não serve para o atual Benfica, porque “com ele era impossível planear algo a três ou quatro anos”.

Questionado sobre a afirmação de Luís Filipe Vieira, com quem o técnico conviveu seis anos no Benfica, Bruno de Carvalho contrapôs, afirmando que há presidentes que “não conseguem assumir projetos de médio/longo prazo com um treinador com o grau de exigência e o profissionalismo de Jorge Jesus”.

Ainda a propósito de Jesus, o presidente do Sporting tentou justificar a afirmação de Jorge Jesus, em recente entrevista, quando disse que se quis ir embora de Alvalade ao fim de um mês: “O primeiro embate quando encaramos um novo projeto não é fácil. O Sporting precisava de uma nova cultura de exigência, de um treinador e jogadores focados na grandeza do clube e não podia estar habituado, como estava, a ser segundo, terceiro e quarto classificado”.

Bruno de Carvalho confirmou ainda a entrada efetiva de 54 milhões de euros nos cofres do Sporting resultante da transferência João Mário para o Inter de Milão, por 40 milhões de euros, mais cinco por objetivos, e de Islam Slimani para o Leicester, por 30 milhões.

“Uma parte do passe de João Mário pertencia a um fundo e outra parte do passe de Slimani era detido por uma empresa. O Sporting não é um clube que faça pacotes para enganar parceiros”, disse Bruno de Carvalho.

O caso Adrien, que manifestou vontade de sair do clube, também foi abordado, com Bruno de Carvalho a considerar normal tudo o que se passou com o capitão do Sporting, o qual, segundo ele, passou por uma fase complicada.

“Quando várias pessoas gravitam à volta de um jogador e quando o presidente do Lyon veio revelar que houve um agente [Jorge Mendes] que andou a oferecer Adrien por tudo o que é clube em França, sem que estivesse mandatado para isso, é natural que isso mexa com a cabeça do atleta, que teve uma precipitação. Mas o Sporting reagiu bem a um jogador formado no clube, um profissional de mão-cheia e só tenho pena que o futebol violente, muitas vezes, os jogadores”, afirmou.

A saída emocionada de Slimani, que chorou em campo após o Sporting-FC Porto, é justificada por Bruno de Carvalho com o reconhecimento do próprio jogador sobre tudo o que o clube lhe proporcionou a nível da evolução que teve na carreira.

“Quando o fui buscar a Argel, o Slimani jogava apenas há dois anos a nível profissional e foi no Sporting que ele praticamente fez a sua formação, cresceu muito, aprendeu o que é o Sporting e é natural que se tenha emocionado”, disse Bruno de Carvalho, lembrando as palavras do argelino, quando foi a Alcochete despedir-se, “cá estarei para celebrarmos o título”.

Sobre as críticas às arbitragens por parte dos dirigentes de diversos clubes, Bruno Carvalho sublinhou que já reconheceu ter sido beneficiado num jogo frente ao Benfica, algo que não viu nenhum outro dirigente fazer.

O presidente dos ‘leões’ recordou ainda a divulgação pública dos relatórios dos árbitros que apitavam os jogos em que o Sporting saía vencedor, numa clara violação dos regulamentos, com a nota negativa do árbitro e a explicação sobre a forma como os ‘leões’ tinham sido alegadamente beneficiados.

“A questão está em quem tem o poder de fazer com que um árbitro ganhe 500 ou 5.000 euros num mês. E isso tem a ver com as notas, as classificações, os critérios de escolha dos observadores e o que estes fazem. E isso mexe com qualquer ser humano”, disse Bruno de Carvalho, para quem os árbitros devem estar de “cabeça limpa e não preocupados com o que o observador vai escrever ou fazer”.