Soou o alarme no FC Porto. Apenas duas vitórias nos últimos seis jogos deixaram os adeptos azuis-e-brancos apreensivos, num ano em que é crucial chegar ao título de campeão. A direção azul-e-branca mudou de treinador, fez algumas contratações sonantes mas não se vislumbram melhorias. Na Champions o FC Porto tem um ponto em seis possíveis, na I Liga está em 3.º a três pontos do líder Benfica mas já perdeu cinco pontos em apenas seis jornadas.

O FC Porto investiu muito dinheiro neste defeso, para fazer face a algumas das carências da equipa em relação a época passada. Se é verdade que há mais soluções, também não é menos verdade que a equipa ainda sente a falta de jogadores de outra classe nalguns sectores. O tão sonhado central para comandar a defesa não veio, um ponta-de-lança matador, capaz de transformar em golos as jogadas ofensivas da equipa também não aterrou no Dragão.

Guarda-redes

Casillas continua a ser dono e senhor da baliza portista. O internacional espanhol já viveu os melhores momentos da sua carreira e, apesar do currículo, não inspira confiança. Entre os postes Casillas vai cumprindo mas sempre que sai a um cruzamento deixa o coração do adepto portista a bater mais rápido. A alternativa é o jovem José Sá, com pouca experiência de primeira Liga.

Defesas

Tem sido o ´calcanhar de Aquiles` do FC Porto nos últimos anos. O clube ficou conhecido na Europa por formar e vender grandes defesas centrais como Pepe, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Jorge Andrade, Otamendi, Mangala mas hoje em dia tarda em arranjar um ´patrão` para a defesa. Maicon foi vendido ao São Paulo depois da atuação desastrosa e da cena que protagonizou na derrota frente ao Tondela na época passada. Martins Indi, jogador com muito potencial, foi emprestado ao Stoke City de Inglaterra. A dupla é agora formada por Marcano, que entra na sua terceira época de Dragão ao peito. A seu lado joga Filipe, contratado este ano ao Corinthians. É o único, a par de Casillas, a jogar todos os minutos esta época. Vai alterando entre o bom e mau, neste seu ano de adaptação ao futebol europeu. Sobra Boly, que só fez um jogo. O defesa contratado ao SC Braga no último dia do mercado é o terceiro central da equipa. A dupla de centrais sofre quando enfrenta avançados mais poderosos fisicamente e também mostra dificuldades em controlar a profundidade.

Nas alas o FC Porto está bem servido e ficou ainda melhor com a entrada de Alex Telles, titular indiscutível na esquerda. Maxi era titular na direita até a sua lesão, o que fez entrar Layún para essa posição. Não é pelas laterais que os resultados não têm surgido.

Médios

Relativamente ao ano passado o FC Porto ganhou Oliver Torres, um jovem espanhol que conhece os ´cantos a casa`. Os principais jogadores ficaram mas Nuno tarda em definir quem quer e como quer jogar com os médios. Danilo e Óliver parecem ser os únicos com entrada garantida no onze mas o português está longe da forma que exibiu na época passada. André André é bom no passe, no transporte de bola e a entrar em zonas de finalização mas perde imenso no confronto físico. Herrera está sempre entre o oito e o oitenta, sendo que esta época só mostrou o oito. Daí estar sempre a saltar do onze para o banco, Rúben Neves não está a ter as mesmas oportunidades que teve com Lopetegui. Evandro tem talento mas passa mais tempo lesionado que a jogar. João Carlos Teixeira não tem qualquer minuto.

Nas alas há muitas soluções. Brahimi era para ser vendido, ficou, mas parece não contar muito para NES. Foi titular apenas em Tondela e foi substituído, quado estava a ser um dos melhores em campo. Frente ao Copenhaga entrou no segundo tempo e em Leicester nem esteve no banco. Diego Jota veio por empréstimo do Atlético Madrid mas tarda em convencer. Corona parece disposto a imitar o seu amigo e conterrâneo Herrera: salta do oito ao oitenta em pouco tempo e vai alternando a titularidade com o banco. Brahimi poderia ser uma boa solução mas não parece contar muito para Nuno. Silvestre Varela já teve os seus melhores dias e pouco acrescenta quando joga. Sobra Otávio, o jogador em evidência neste FC Porto. O jovem criativo joga e faz jogar a equipa e é ele o principal motor do ataque azul e branco.

Avançados

Um dos principais problemas na época passada foi a falta de um avançado eficaz. Aboubabar foi titular na maior parte dos jogos mas a sua eficácia à frente da baliza deixou muito a desejar. O camaronês falhou golos cantados, levando os adeptos portistas ao desespero. No final da época passada e principalmente na final da Taça de Portugal (perdida para o SC Braga), emergiu das camadas jovens o avançado André Silva. Mas o jovem internacional luso ainda nem tem uma época inteira de Primeira Liga, pelo que se pedia um avançado de créditos firmados para jogar ao lado de André Silva ou alternar a titularidade com o jogador português. Veio o belga Depoitre, de 1,91 metros. Em oito jogos esta época só marcou um golo e não foi pelo FC Porto. É um jogador que poderá ser útil dada a sua estatura, já que oferece outro tipo de soluções mas parece já estar a ser ´queimado`, pelo tribunal do Dragão.

A outra solução é Adrian Lopez, por quem o FC Porto pagou 12 milhões de euros por 80 por cento do passe. Esta é a sua terceira época no Dragão, depois de um ano emprestado, mas o ex-Atlético Madrid tarda em mostrar as suas qualidades. Falha golos em momentos decisivos, joga sempre sob brasas e os adeptos já mostraram que têm pouca paciência para com o espanhol. Já foi usado várias vezes a titular no 4x4x2 que NES introduziu na equipa esta éppcoa.

De todos os jogadores, só Casillas e Filipe estiveram em todos os minutos de jogo. E apenas cinco jogadores participaram em todos os jogos já realizados.

Uma coisa é certa: os adeptos do FC Porto são unânimes em concordar que a direção do clube não esteve bem no mercado de transferências. Os rivais, que nem precisavam tanto de ir ao mercado, parecem ter-se reforçado melhor que o FC Porto. É verdade que as contas fazem-se sempre no fim mas o que a equipa de Nuno Espírito Santo mostrou até agora não chega para convencer os sempre exigentes adeptos do FC Porto.