O FC Porto apresentou esta quarta-feira as suas contas consolidadas relativamente a época 2015/2016. No relatório enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, os "dragões" explicaram as razões dos prejuízos recordes, da necessidade de diminuir os custos com o pessoal e de vender jogadores para equilibrar as contas. A SAD azul-e-branca deu conta também que recusou propostas para a saída de alguns jogadores para manter a equipa competitiva.

Prejuízo recorde de 58,4 milhões de euros
O FC Porto teve um prejuízo de 58,4 milhões de euros no exercício de 2015/2016. O anterior recorde negativo era de 40,7 ME. Na época 2014/2015 a SAD azul-e-branca também tinha apresentado contas negativas, em 19,4 ME. Para esta quebra muito contribuíram a quebra de receitas provenientes da UEFA. Ao ficar-se apenas pela fase de grupos da Champions, o FC Porto só arrecadou 11,6 ME, muito longe dos 36,1 milhões em 2014/15.

"O resultado é mau e a SAD assume. A SAD, de forma assumida e deliberada, decidiu ser assim juntamente com a equipa técnica. Entendeu que não deveria enfraquecer a equipa. Sem que a Champions estivesse garantida a 30 de junho, a venda de alguns jogadores podia ser um rude golpe", justificou Fernando Gomes, administrador da SAD.

Ativos aumentaram, passivo cresceu
Os custos operacionais, excluindo custos com passes de jogadores, aumentaram de 110 para 124 milhões de euros, um aumento de 13 por cento. O "pagamento de indemnizações às equipas técnicas lideradas por Julen Lopetegui e José Peseiro" explicam, em parte, estes números. Um aumento também justificado pela aquisição de quase todas as ações do Porto Canal.

O capital próprio consolidado diminuiu 57,2 ME e passou a ser de 25,9 milhões. O ativo cresceu 15,8 ME e é agora de 375 ME. Um aumento que se justifica pelo facto de o valor contabilístico do plantel ter aumentado para 90,6 milhões.

O passivo do clube também sofreu uma subida e está agora nos 349,2 milhões de euros, um aumento de 73 milhões face ao período homólogo do ano passado.

Vendas de jogadores renderam só 7,102 milhões de euros
As mais-valias com transações de passes de jogadores foram de 38,7 milhões, longe dos 82,5 do exercício anterior. A venda de Alex Sandro a Juventus muito contribuiu para estes números já que o brasileiro foi vendido já depois do fecho das contas da época 2014/2015, pelo que só entrou nas de 2015/2016.

O clube também investiu muito na contratação de jogadores mas mesmo assim teve um saldo positivo entre compras e vendas, no valor de 7, 102 milhões de euros, o que representa uma queda de 44,025 milhões de euros relativamente a 2014/2015.

Salários aumentaram 25 ME em três anos. Os títulos foram zero
Os custos com o pessoal aumentaram 25 milhões de euros nos últimos três anos. O FC Porto passou a ter uma folha salarial de 75, 8 milhões de euros, um aumento de 5,8 milhões por comparação com os custos da época 2014/15.

Fernando Gomes, administrador da SAD, mostrou-se preocupado com estes números e revelou que o objetivo passa por baixar os salários para uma média de 55 milhões por ano. Há três anos o valor era de cerca de 40 milhões e agora está acima dos 75. Um aumento em 35 ME num período em que o FC Porto não venceu qualquer título. "Os custos têm subido de forma abrupta. A SAD quer conter e tomar um novo rumo. Inflacionámos os salários para além do razoável", reconheceu o dirigente.

Rescisões com Lopetegui e Helton custaram 4,3 milhões

O FC Porto sublinhou no seu Relatório e Contas de 2015/2016 que gastou 4,3 milhões de euros para rescindir com o ex-treinador Julen Lopetegui e a sua equipa técnica, e ainda o guarda-redes Helton.

Também o clube gastou mais dinheiro em salários de jogadores que estão emprestados a outros clubes. O FC Porto passou de 600 mil euros em 2014/2015, para 1,6 milhões de euros em 2015/2016. Apesar disso, os salários de jogadores emprestados clube baixaram de 6,1 milhões para 1,4 milhões.

Recusadas propostas por três jogadores para manter plantel forte
Durante a apresentação das contas do clube, Fernando Gomes sublinhou que a SAD poderia ter tomado outras decisões e aceitar propostas por alguns jogadores.
O dirigente confidenciou que o clube recebeu propostas no valor de 95 milhões de euros por Danilo, Herrera e André Silva mas optou por manter os jogadores para não desequilibrar a equipa. "A administração da SAD esteve em sintonia com a equipa técnica. Esta chamou a esses três jogadores a espinha dorsal da equipa", explicou o administrador

Aumento na remuneração dos administradores em ano de prejuízo recorde

De referir ainda que no ano em que o FC Porto bate recorde de prejuízos, verificou-se um aumento na remuneração dos administradores, de 1,381 milhões de euros para 1,477 milhões.

Esta subida é justificada pelo facto de a SAD ter passado de quatro para cinco administradores, com a entrada de Antero Henrique em março. Entretanto, o antigo braço direito de Pinto da Costa apresentou a sua demissão em setembro.

Sem medo da UEFA, apesar da violação das normas do fair-play financeiro
Apesar de ter apresentado contas negativas pelo segundo ano consecutivo o FC Porto não teme o fair-play financeiro da UEFA.

"Não somos inconscientes. Ponderámos previamente. Sabíamos as consequências e dialogámos com a UEFA. Até aqui foi tudo informal, agora vamos enviar as contas e dialogaremos de forma formal. Nas nossas conversas estamos em sintonia relativamente ao que fazer: reduzir custos e não depender da venda de jogadores. Não temo sanções mais graves", comentou Fernando Gomes, sobre a possibilidade de o FC Porto ser punido pela UEFA, além de uma repreensão.

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