Rui Lança analisou para o SAPO Desporto o momento conturbado do Sporting. O investigador especialista em coaching e liderança comentou a presença de Bruno de Carvalho no banco de suplentes do Sporting e a ausência do técnico Jorge Jesus em quatro jogos esta época. Para o investigador, longe vão os tempos em que os presidentes dos clubes iam para os bancos. Hoje não é algo tão bem visto pelos jogadores.

"Não é positivo [a presença de um presidente de um clube no banco de suplentes]. Se assim fosse, havia mais presidentes de clubes nos bancos. É preciso fazer um exercício de memória muito grande para encontrar uma situação semelhante, de ver um presidente de um clube grande a ir para o banco ao lado de treinadores e jogadores", comentou.

Durante o jogo dos quartos-de-final da Taça de Portugal, foi possível ver Bruno de Carvalho a dar instruções a Bruno César, antes de ele entrar no decorrer do primeiro tempo para substituir Jefferson. Um gesto que não escapou à imprensa e que foi muito comentado: ver um presidente no papel de treinador.

"A intromissão de Bruno de Carvalho no que é a responsabilidade do treinador advém daquilo que é o seu perfil de liderança. É uma pessoa presente, que tem muita convicção, que gosta de centralizar-se nos vários assuntos. No ano passado, por exemplo, assistia-se ao presidente do Sporting a responder aos diretores de comunicação do Benfica e do FC Porto. Bruno de Carvalho, ao ir para o banco, vive mais intensamente as partes emocionais do jogo. Não estando o Jorge Jesus, essa centralização faz com que se torne mais fácil e mais apetecível ao Bruno de Carvalho participar em tudo aquilo que são as decisões do Sporting atualmente", frisou.

Rui Lança analisou ainda a ausência de Jesus no banco de suplentes do Sporting. Aconteceu em dois jogos em casa (vitória contra o Legia e derrota ante o Dortmund para a Champions) e dois longe de Alvalade (empate e derrota em Chaves), algo que não é positivo para o grupo de trabalho.

"O treinador, quando está no banco, é sempre mais positivo quando não está, ele é o centralizador, o líder da equipa. Mas também tem de perceber que quando não está, a equipa não pode estar totalmente dependente dele. Quando Jorge Jesus diz que se estivesse no banco em Madrid o Sporting não teria perdido o jogo, acredito que está a dizer a verdade. O que ele tem de fazer é um esforço para não estar tantas vezes ausente e que a equipa não sofra tanto com a sua ausência", sintetizou o investigador, para quem a ausência do líder faz com que haja muita gente a dar opinião.

"O treinador adjunto não tem tanto impacto como o treinador principal. E quando o treinador não está, há a tendência para que mais pessoas possam opinar. Há uma ausência da voz mais forte. Há muita informação, muita gente a opinar e isso não é positivo", concluiu, na entrevista ao SAPO Desporto.

O Sporting foi esta terça-feira afastado da Taça de Portugal pelo Desportivo de Chaves. Os ´leões` já tinham sido eliminados da Taça da Liga, Liga dos Campeões e nem conseguiram transitar para a Liga Europa. Na I Liga estão no 4.º lugar, a quatro pontos do FC Porto e oito do líder Benfica.