Andreas Krannich, diretor da Sportradar, a empresa escolhida por instituições como a Federação Portuguesa de Futebol e a FIFA para vigiar a viciação de resultados, descarta uma eventual manipulação nas apostas em torno do clássico Benfica-FC Porto.

Em entrevista à Lusa, realizada à margem do ciclo de conferências Football Talks, no qual foi um dos oradores, o especialista alemão garante que o sistema de monitorização está hoje mais preparado para detetar potenciais ilícitos do que em 2005, ano em que iniciou a sua atividade no desporto.

"Claro que se o volume de dinheiro é elevado, as oportunidades de detetar algo fraudulento poderão ser limitadas, mas temos desenvolvido o nosso sistema de uma forma em que também é possível detetar fraudes nestes jogos ‘grandes’. Não espero que haja qualquer fraude num jogo como o Benfica-FC Porto, porque todos os jogadores estão ansiosos por este jogo", afirma.

A alegada viciação de resultados fez-se sentir no último ano no futebol português, com o escândalo sobre o Oriental, no final da época passada da II Liga, e a controversa retirada de apostas no jogo Feirense-Rio Ave, para a I Liga, já esta época.

Sem querer entrar em detalhes, "para não condicionar potenciais investigações em curso", Andreas Krannich alerta que "não há nenhum país que não esteja sob o risco de ‘match-fixing'": "Há tantas e diferentes oportunidades para os manipuladores de apostas. Este é um fenómeno global".

Este último encontro gerou uma reação de repúdio dos clubes e o diretor da Sportradar admite que o erro também faz parte da monitorização.

"É uma situação sensível. É muito stressante para os clubes. Não comentando detalhes, isto é algo que acontece algumas vezes e pode ocorrer por diversas razões", explica, alertando para os riscos da "especulação" nestes casos.

Muitos destes movimentos suspeitos estão associados ao mercado asiático, num momento em que vários clubes portugueses já estão sob influência de investidores asiáticos. Contudo, o responsável germânico evita lançar um anátema sobre estes empresários ou as suas organizações, recusando qualquer suspeição ‘a priori’ de viciação de resultados.

"O facto isolado de uma empresa asiática mostrar interesse no teu clube não é uma ameaça. A grande maioria de investidores provenientes da Ásia tem os mesmos interesses que um investidor alemão: fazer negócio com o clube e não viciar resultados", refere, sem deixar de apelar ainda assim a uma exigente verificação dos antecedentes dos investidores.

A terminar, Andreas Krannich enaltece a postura da FPF, com quem assinou um protocolo no final de 2016, no combate à viciação de resultados.

"A cooperação com a Federação Portuguesa de Futebol é extraordinária, porque é sempre diferente quando um parceiro leva a sério este acordo de integridade e a proatividade da FPF é algo notável", rematou.

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