O vice-presidente do Benfica Domingos Almeida Lima criticou hoje a “dualidade de critérios” na justiça desportiva, afirmando que a justiça é “célere e penalizadora para com o Benfica e lenta e complacente” com todos os outros.

“Emitimos um comunicado a chamar a atenção para que a justiça seja igual, mas só vemos uma justiça célere e penalizadora para com o Benfica. Com todos os outros. é lenta e complacente, numa espécie de apagão”, disse Domingos Almeida Lima, em Abrantes.

Perante cerca de 400 pessoas, na inauguração das novas instalações da Casa do Benfica de Abrantes, no distrito de Santarém, o dirigente referiu a “indignação” da instituição desportiva e pedido “respeito” pelo clube da Luz.

Domingos Almeida Lima disse que o Benfica já pediu reuniões aos presidentes da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, e da Liga de clubes (LPFP), Pedro Proença, para expor as "fortes preocupações" do clube sobre a atual situação do futebol português, tendo feito notar que, se a justiça desportiva não for salvaguardada, o Benfica não deixará de "apelar à intervenção do Governo".

O vice-presidente dos ‘encarnados’, que assumiu o papel de Luís Filipe Vieira, que esteve presente, mas não falou, por estar castigado, realçou ainda que, "para os outros, a justiça é muito mais lenta", tendo referido que, esta semana, o Benfica assistiu a “vários episódios sobre os quais não é possível esconder a indignação".

O dirigente lembrou, também, que diversos casos ligados ao futebol “ainda não foram resolvidos pela justiça”, como "invasão de um centro de treinos dos árbitros, insultos, coação, ameaças", face aos quais, vincou, "nada acontece".

"É como que uma espécie de apagão em relação aos demais. Não se conhece uma única decisão, com exceção às que dizem respeito ao Benfica”, disse ainda Domingos Almeida Lima, criticando a diferente celeridade na resolução dos processos entre os três ‘grandes’, fazendo a alusão a processos movidos a gasóleo, para os seus rivais, e outros movidos a gasolina de última geração, para o Benfica.

"E ainda esta manhã lemos", acrescentou, citando um jornal desportivo, "que o processo que envolve o famoso incidente no túnel entre dois presidentes (do Sporting e do Arouca) não deve ser fechado ainda esta época”.

Perante os aplausos de centenas de benfiquistas presentes em Abrantes, o dirigente clamou “mas que vergonha é esta”, tendo observado que a situação vem "na continuidade de processos que envolvem o mesmo clube (referindo-se ao Sporting) e que permanecem sem decisão desde a época passada, perdidos nos confins da Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga (CII), com o risco de serem decididos nas férias".

Para o vice-presidente dos ‘encarnados', a situação "não é admissível", tendo afirmado que "torna-se insustentável disfarçar mais", tendo defendido que "Pedro Proença tem de assumir responsabilidades porque com estes alheamentos sucessivos se prova que os processos, dos rivais, quando chegam à CII, ficam congelados”.

“Se a justiça desportiva não for salvaguardada, o Benfica não deixará de apelar à intervenção do Governo”, insistiu Domingos Almeida Lima.

Num discurso muito incisivo, o dirigente criticou ainda a alegada escolha de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, como chefe da claque de Portugal, confirmado que "nenhum membro dos órgãos sociais (do Benfica) estará presente no jogo de hoje" entre Portugal e a Hungria, a contar para a quinta jornada do Grupo B de apuramento para o Mundial 2018 e que se realiza no Estádio da Luz.

No entanto, o dirigente do Benfica desejou "as maiores felicidades" à seleção lusa para esta partida.