Jorge Bacelar Gouveia explicou, em entrevista ao DN, as razões que o levaram a não continuar como presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting, cargo que representou durante o primeiro mandato de Bruno de Carvalho.

“Acho que estes cargos não devem ser renovação eterna. Quando aceitei o convite, o meu prazo estabelecido era de quatro anos e foram quatro anos muito duros. O CFD a que presidi foi o que mais vezes reuniu na história do clube, foram 44 reuniões e participando ativamente em sub-comissões. Houve um trabalho muito intenso, de acompanhamento das contas, da auditoria, da restruturação e depois também tivemos os processos disciplinares, que foram vários. Sinceramente, a certa altura comecei a ficar um pouco saturado e cansado de uma atividade muito intensa”, explicou Bacelar Gouveia.

Questionado se a sua saída estaria ligada à ligação estreita, no âmbito da sua atividade como docente, com André Ventura, um dos comentadores do Benfica que tem motivado mais críticas por parte do Sporting, o jurista falou num ambiente “pidesco”.

“Essa ligação estreita, como diz, foi objeto de intervenções que não me agradaram porque, a partir de certa altura, ia recebendo comentários e inquirições de dirigentes intermédios do Sporting questionando o grau de proximidade que tinha com esse comentador (...) sentia que essas perguntas tinham, na sua essência, uma suspeita inadmissível quanto à minha lealdade e ao meu sportinguismo”, começou por revelar.

“Esse ambiente foi muito desagradável e eu não podia tolerar isso. Não podia continuar com a minha lealdade sob suspeita. O Dr. Bruno de Carvalho não se revia nessa suspeita, disse-me que não tinha a mínima dúvida sobre a minha lealdade, mas eu disse-lhe que essa suspeita era um dos fatores que me levava a não querer continuar”, afirmou.

Bacelar Gouveia fez ainda um balanço positivo do trabalho realizado nos últimos quatro anos e elogiou o presidente dos ‘leões’.

“Temos uma boa relação. Devo mesmo dizer que o Dr. Bruno de Carvalho me surpreendeu pela positiva. Nunca acreditei que ele fosse o "Vale e Azevedo" do Sporting e revelou-se um grande líder, com muita energia e capacidade de estratégia, salvou o clube logo quando tomou posse (…) Ele devolveu a dignidade aos sportinguistas. Isso não significa que tudo tenha sido perfeito no relacionamento do Dr. Bruno de Carvalho com o CFD e comigo em particular.