Benfica e FC Porto procuram hoje ganhar embalagem para um título de uma importância desmedida para os grandes dominadores do futebol português, que chegam ao ‘clássico’ da 27.ª jornada da I Liga separados por um magro ponto.

O clube lisboeta, tricampeão nacional, é o recordista de títulos, com 35 troféus, mas procura conquistar um inédito ‘tetra’, algo que os rivais Sporting e FC Porto já alcançaram, enquanto a equipa portuense tenta evitar o regresso a um passado que não recorda com agrado.

A última vez que os ‘dragões’ estiveram quatro anos seguidos sem festejar na avenida dos Aliados foi em 1984, antes de, sob a presidência de Pinto da Costa, reformarem o equilíbrio de forças do futebol português, ultrapassando o Sporting como segunda potência, com 27 títulos, contra 18 dos ‘leões’.

O Benfica vai entrar no Estádio da Luz com um ponto de vantagem, depois de ter desbaratado seis pontos na transição do ano, mas o cenário poderia ser ainda mais ‘negro’, caso o FC Porto não tivesse desaproveitado o deslize ‘encarnado’ em Paços de Ferreira (0-0), ao empatar 1-1 na receção ao Vitória de Setúbal.

Para sair de Lisboa na liderança, o FC Porto precisa de impor ao Benfica a primeira derrota em casa, onde as ‘águias’ venceram 11 dos 13 jogos que disputaram, ainda que os portuenses tenham um saldo positivo de quatro vitórias e apenas duas derrotas na última década.

O triunfo lançará os anfitriões para o histórico ‘tetra’, enquanto o empate – aliado à igualdade 1-1 da primeira volta – remeterá a questão do título para as vicissitudes da reta final da I Liga, em que o FC Porto tem três deslocações complicadas (Braga, Chaves e Marítimo), mas o Benfica terá de enfrentar a mais difícil de todas, ao estádio do Sporting.

O treinador Rui Vitória depara-se com mais problemas para constituir o melhor ‘onze’ do que Nuno Espírito Santo, subsistindo dúvidas sobre a utilização dos influentíssimos Fejsa e Lindelof, além de continuar privado de Grimaldo, todos devido a lesão.

O defesa central sueco falhou mesmo os dois jogos da seleção sueca – o último dos quais no particular com Portugal, que perdeu por 3-2 -, enquanto o sérvio, o sustentáculo do meio campo do tricampeão nacional, não joga há mais de um mês.

Sem lesionados, o único problema do treinador do FC Porto – comum a Rui Vitória – foi a ausência de vários internacionais durante quase duas semanas e o estado em que eles se apresentarão ao ‘serviço’, ainda que, no caso da seleção portuguesa, Fernando Santos tenha feito uma gestão salomónica dos jogadores dos dois clubes.

O ‘clássico’ promete também um duelo emocionante de goleadores, entre a dupla Mitroglou e Jonas, melhor marcador do campeonato passado, e Soares (autor de nove golos em sete jogos desde que foi contratado pelos ‘dragões’) e André Silva, segundo e terceiro ‘artilheiros’ da prova nesta época.

O jogo terá casa cheia e será de alto risco, a todos os níveis - até pela recente ‘frente de guerra’ aberta pelo Benfica contra a federação e a Liga de clubes.