Um grupo de deputados do PSD vestiu hoje na Assembleia da República camisolas de diferentes clubes contra a violência no desporto, um tema que os sociais-democratas levarão a debate, na quinta-feira, no parlamento.

No final do debate quinzenal com o primeiro-ministro, um conjunto de deputados sociais-democratas - entre os quais Sérgio Azevedo, Nuno Serra, Cristóvão Norte, Pedro Alves, Pedro do Ó Ramos, Margarida Mano, Rubina Berardo, Carlos Peixoto e Pedro Pimpão - vestiram nos Passos Perdidos do parlamento camisolas de clubes como o Benfica, Sporting, Porto, Farense, Académica e, com pequenos cartazes, compuseram a expressão "Não à violência".

O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, também marcou presença, mas sem camisola clubística, empunhando apenas uma bandeira de Portugal.

"Esta iniciativa surgiu porque temos assistido a um clima de crispação no futebol e no desporto e um grupo de deputados sociais-democratas quis manifestar-se simbolicamente contra a violência no desporto", justificou o deputado Cristóvão Norte.

O deputado do PSD salientou que o desporto "é uma atividade salutar para a sociedade e tem de ser feito de respeito pelo outro, de tolerância".

"Faz sentido que os representantes do povo deem este sinal simbólico", acrescentou.

Na quinta-feira, o PSD vai desafiar o Governo socialista a agir contra a violência no desporto, através da revisão da lei atual, apresentando uma iniciativa para ser discutida e votada no parlamento.

Em declarações à Lusa, o ex-secretário de Estado do Desporto e Juventude do executivo de Passos Coelho, Emídio Guerreiro, insistiu que "há uma lei específica de combate à violência, xenofobia e pela igualdade de género nos espetáculos desportivos que está em vigor desde 2013 e que prevê no seu artigo 5.º que, no final de 2015, deve ser feita a sua reavaliação", sendo "a própria lei" a prever que "compete ao Governo fazer a avaliação e reforma".

Com o aproximar do final da I Liga portuguesa de futebol, a competição desportiva mais mediática do país, têm existido trocas de insultos e acusações entre dirigentes dos principais clubes, confrontos físicos entre adeptos, necessidade de intervenção policial em vários jogos, agressões e pressões sobre árbitros e até a morte por atropelamento de um adepto italiano afeto a uma claque do Sporting antes do último dérbi de futebol no Estádio da Luz, em Lisboa.

Emídio Guerreiro esclareceu que o projeto de lei do PSD, para "defesa da transparência e da integridade nas competições desportivas", introduz alterações no regime jurídico das federações desportivas e de atribuição do estatuto de utilidade pública desportiva, no regime jurídico dos contratos programa de desenvolvimento desportivo, no regime jurídico das sociedades desportivas e nos regimes jurídicos das apostas desportivas ‘online' e das apostas desportivas de base territorial.

"As federações que não tiverem os seus planos anticorrupção, antiviolência e antixenofobia devidamente aprovados e em execução perdem o financiamento público", explicou, sendo esse o único ponto relacionado com o recente aumento de tensão entre protagonistas do futebol.

A iniciativa legislativa dos sociais-democratas centra-se nos fenómenos de corrupção, circulação de capitais e apostas desportivas.