A cerca de um mês do arranque do campeonato e a mês e meio do fecho do mercado, Rui Vitória vai começando a afinar a máquina benfiquista com vista à nova temporada, em que os ‘encarnados’ terão a árdua tarefa de garantir o quinto título consecutivo, depois da conquista inédita do tetracampeonato.

Até ao momento, o Benfica já perdeu Ederson (Manchester City) e Lindelof (Manchester United), dois jogadores preponderantes no esqueleto das ‘águias’ na temporada passada, sendo que ainda pode ficar sem Nélson Semedo (apontado ao Barcelona e Man. United) e um dos seus homens na frente de ataque (Mitroglou ou Jiménez têm mercado), como elementos que ainda podem sair.

Por outro lado, chegaram, mediante contratação, Seferovic (Eintracht Frankfurt), Krovinovic (Rio Ave), André Moreira (Atlético Madrid), Cristian Arango (Millionarios), Chris Willock (Arsenal), Bruno Varela (V. Setúbal), Alex Pinto (V. Guimarães), Martin Chrien (Viktoria Plzen), Salvador Agra (Nacional) e Patrick Vieira (Marítimo) sendo que nem todos terão lugar na equipa principal – os dois últimos foram, inclusive, emprestados ao Desportivo das Aves e V. Setúbal, respetivamente.

E depois de Ederson e Lindelof?

No total, a SAD benfiquista terá encaixado entre 50 a 60 milhões de euros, com as vendas do guarda-redes brasileiro e do central sueco, e ainda de Marçal, que assinou pelo Lyon. E com a crescente cobiça a alguns jogadores, casos de Semedo, Samaris e mais recentemente, Salvio, é possível que sucedam mais saídas, isto se surgirem ofertas que agradem aos responsáveis das ‘águias’.

Estando o plantel em grande parte definido, existem, no entanto, algumas situações por resolver, principalmente no que toca aos setores da baliza e defesa. A saída de Ederson para os ‘citizens’ poderá devolver a titularidade a Júlio César. No entanto, há que contar com a concorrência de André Moreira, que chega à Luz com pouca rodagem – era terceiro guarda-redes no Atlético Madrid – sendo que a questão do terceiro guardião também não está resolvida. A retirada de Paulo Lopes do futebol ainda não está consumada e ainda há Bruno Varela, cujo passe foi recomprado ao V. Setúbal.

Na defesa, a grande incógnita prende-se com Nélson Semedo. O lateral direito foi um dos jogadores mais utilizados por Rui Vitória e, consequência desse rendimento, é agora um dos nomes mais falados neste defeso. Ora está mais perto do Barcelona, ora está mais longe, ora é apontado ao Manchester United, ora interessa ao Bayern Munique... Chega a ser difícil acompanhar a situação do jovem.

A confirmar-se a transferência, será uma das maiores baixas na equipa, abrindo caminho a Pedro Pereira e a André Almeida. Apesar destas duas opções, tudo aponta para uma incursão no mercado à procura de um substituto com características mais próximas do internacional português, nomeadamente a nível ofensivo.

No centro da defesa, a saída de Lindelof poderá reeditar a dupla Luisão-Jardel de há dois anos, esperando que este último esteja recuperado das mazelas que o atiraram para a enfermaria na época passada. Lisando López será a alternativa natural, havendo ainda Kalaica e Rúben Dias. Caso não se verifiquem mais saídas (principalmente no caso de Lisandro), o jovem de 20 anos deverá desdobrar-se entre a equipa B e os treinos com a equipa principal.

Passando para o lado esquerdo da defesa, Grimaldo continua a ser a opção mais forte, ainda mais depois da lesão sofrida no último defeso (que o tirou, inclusive do Europeu de sub-21), o que fez esmorecer o assédio ao espanhol. Eliseu terminou contrato no final de junho, sendo que ainda não há sinais de renovação, e a verdade é que Hermes ainda não deu provas válidas de merecer a titularidade. Quanto a Ailton, ex-Estoril, a sobrelotação neste setor obriga Rui Vitória a adiar a presença do jogador no plantel.

Meio-campo mais equilibrado

Avançando no terreno, chegamos à posição 6, que, naturalmente, está entregue a Fejsa. Os últimos rumores ainda deram conta de um interesse da Lázio, mas o Benfica já fechou a porta à saída do sérvio. Samaris, por sua vez, ainda não tem o seu futuro definido, tendo o Newcastle chegado aos 20 milhões de euros pedidos por Luís Filipe Vieira pelo passe do grego. Há ainda Filipe Augusto, jogador que dificilmente conquistará um lugar no onze, mas que tem a vantagem de poder jogar como 8.

Por falar na posição 8, tal como no caso de Fejsa, também não restam dúvidas sobre quem será o patrão do meio-campo benfiquista. Pizzi revelou-se preponderante na época passada e tudo indica que o será novamente em 2017/2018. Uma das dúvidas prende-se com André Horta, jogador que depois de um arranque promissor na temporada transata, acabou por ficar para segundo plano na sequência de algumas lesões.

O jovem espera agora uma oportunidade no plantel de Rui Vitória, assim como o já referido Filipe Augusto, Krovinovic – recupera de uma cirurgia a uma hérnia inguinal - e João Carvalho – ‘10’ de raiz que regressa à Luz após empréstimo ao Vitória de Setúbal. Para o meio-campo foi também contratado Martin Chrien, que deverá ser testado no estágio que as ‘águias’ irão realizar na Suíça.

Opções para dar e vender no ataque

Na frente de ataque, Rui Vitória continua a contar com Jonas, Mitroglou e Raúl Jiménez, apesar de haver a possibilidade bem real de perder um ou dois destes três jogadores nucleares no setor ofensivo. Para colmatar um ou duas saídas, o Benfica já garantiu a contratação do internacional suíço Seferovic e do colombiano Cristian Arango, havendo ainda a possibilidade de poder voltar a contar com Lima (se bem que cada vez mais remota), avançado brasileiro que fez uma dupla letal com Jonas na conquista do bicampeonato. Uma venda neste setor não será, portanto, de estranhar.

Ao nível dos extremos, Salvio é o mais recente nome a ser apontado à porta de saída da Luz. O jogador foi quase sempre aposta de Rui Vitória, numa temporada marcada por alguns altos e baixos. Mesmo que o argentino venha a deixar os ‘encarnados’, o clube continua servido com Franco Cervi, Zivkovic, Rafa Silva e Carrillo. A rotatividade imposta pelo treinador das ‘águias’ em 2016/2017 deixou qualquer um destes jogadores longe de atingir todo o seu potencial, sendo este um dos setores mais desequilibrados do plantel. O estágio em solo helvético e os próximos desafios de preparação serão decisivos nesse sentido.

Contratações: Seferovic (Eintracht Frankfurt), Filip Krovinovic (Rio Ave), André Moreira (Atlético Madrid), Cristian Arango (Millionarios), Chris Willock (Arsenal), Bruno Varela (V. Setúbal), Alex Pinto (V. Guimarães) e Martin Chrien (Viktoria Plzen)

Regressos após empréstimo: João Carvalho (V. Setúbal) e Danilo (Standard Liège)

Saídas: Ederson (Man. City) e Lindelof (Man. United)

Empréstimos: Luka Jovic (Eintracht Frankfurt), Salvador Agra (Desportivo das Aves) e Patrick Vieira (Vitória de Setúbal)