A ferida já estava aberta. O golo albanês e a falta de magia da seleção portuguesa só vieram confirmar o que há muito se sabia. É preciso mais. Muito mais.

Olhemos para o falhanço do Mundial2014 por mais um pouco. Nem jogadores nem equipa técnica parecem gostar muito de remoer no assunto, mas a eliminação precoce de uma seleção que muitos consideram de topo na maior competição futebolística do mundo não pode ser ignorada de ânimo leve.

O que levou, afinal, a uma participação tão sofrível no Brasil? Foi o clima? Em Aveiro viveu-se uma agradável e amena noite de fim de verão neste domingo. Foi o estágio nos EUA? Óbidos voltou a receber, de braços abertos, a comitiva lusa. Foi o desgaste dos jogadores em final de época? Nada como aproveitar a frescura física do arranque de temporada para começar uma nova era.

Até o adversário parecia ideal para devolver um pouco de esperança aos adeptos portugueses. "Contra a Albânia? O que é o pior que pode acontecer?". Foi isto.

A tão discutida renovação foi, por agora, fogo de vista. André Gomes foi a única novidade digna de registo num onze inicial dominado por mundialistas. Bruma nem calçou as chuteiras e Ricardo Horta entrou na segunda parte, a tempo de fazer muito mais do que Vieirinha e atirar uma bola ao ferro.

Pelo bem do contraditório, podemos olhar para o outro lado da moeda, mas encontramos mais perguntas do que respostas. Sim, faltou Cristiano Ronaldo, talvez o melhor jogador do mundo, mas de certeza que é realmente essencial ter um jogador específico no onze para evitar perder contra a Albânia? Sim, foi o primeiro jogo da fase de qualificação e ainda há muito por jogar, mas - repetindo - foi uma receção à Albânia, não uma deslocação à Dinamarca. Sim, Éder era a única opção viável para o centro do ataque, mas será que só um ponta-de-lança tem a obrigação de marcar golos no futebol moderno?

No final da partida, Paulo Bento considerou o resultado "injusto" e disse estar consciente da insatisfação do público português, mas pouco disse sobre a hipótese de colocar o lugar à disposição. Pepe defendeu o "bom trabalho" do selecionador e Nani, capitão de serviço, fez o mesmo.

Não cabe a jornalistas ditar o rumo para um novo capítulo, mas se uma derrota em casa num jogo "a doer" contra a 70ª classificada do ranking da FIFA não fizer soar o alarme na sede da FPF, o que fará?