Bock, "capitão" do Freamunde e que comemora, esta quarta-feira, 37 anos, disse ter feito bem em prolongar a carreira por mais um ano e lamentou nunca ter jogado na principal Liga portuguesa de futebol.
«Sinto-me feliz por estar a justificar a decisão de ter continuado a jogar futebol. Mantenho a alegria de me levantar todos os dias para treinar e só me sinto triste por saber que está a chegar ao fim», disse Bock à agência Lusa.
Numa entrevista em que se dispôs a falar abertamente de tudo, Fernando Jorge Tavares Oliveira, mais conhecido por Bock, disse ter chegado a um ponto em que não pode arriscar fazer planos para o futuro, lembrando que, «nesta fase da carreira, uma lesão grave representa o fim».
Revendo a sua carreira, iniciada no Passarinhos da Ribeira, seguindo as pisadas do pai, até ao Freamunde, o seu «clube do coração», Bock fala na «história de um rapaz de origens humildes, que sempre correu atrás do seu sonho, mas que, assumidamente, falhou o objetivo principal de jogar na I Liga».
A justificação para o sucedido, admitiu, poderá ter passado pela influência dos empresários, garantindo que foi «muito prejudicado», tendo em conta o seu currículo, recheado de golos, que faz justiça à sua condição de avançado.
«Só na formação, desde que me estreei a marcar, ainda infantil, pelo Passarinhos, num jogo frente ao Infesta, e, depois no FC Porto, fiz 630 golos», afirmou, sem hesitar, Bock.
O "capitão" e referência maior do Freamunde, da II Liga, necessitou apenas da calculadora para somar os restantes tentos apontados como sénior, adiantando, «com grande dose de segurança», ter marcado «mais 306 golos» até hoje.
«A minha relação com os golos tem muito a ver com a minha maneira de sentir o jogo, o gosto de ter a bola, de assumir e não ter medo de errar«, explicou, escolhendo o golo marcado ao Desportivo das Aves, há duas épocas, como o melhor da carreira, num lance em que, deixou para trás «cinco ou seis adversários», antes de finalizar.
Em relação ao Freamunde, seu atual clube e o que mais o marcou, numa ligação de quase 11 anos, os últimos sete de forma consecutiva, Bock disse estar «eternamente reconhecido».
«O Freamunde é tudo para mim. Foi aqui que ganhei projeção, foi o clube que me acolheu quando as coisas não correram bem em outros lados e tem uma massa associativa que me dá um carinho impressionante», concluiu.