Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), pediu hoje o afastamento do diretor desportivo do Varzim, alegando que o clube deixou de pagar o salário, desalojou e tirou a alimentação a um dos seus jogadores.

Em conferência de imprensa, o presidente do organismo, revelou que a formação que disputa a II Divisão deixou em novembro do ano passado de pagar o salário a Max, jogador contratado no início da temporada, tendo em janeiro tirado a alimentação e obrigado o defesa brasileiro de 20 anos a abandonar a casa onde residia.

«Além de um atropelo à lei laboral, este é um caso de desumanidade. O Max foi proibido de se alimentar no restaurante à custa do clube, como está acordado, e foi obrigado a sair de casa. Não é só uma questão desportiva, é uma questão humana», afirmou Joaquim Evangelista.

O sindicalista lamentou que o Varzim tenha «ignorado as necessidades humanas que uma pessoa que está em Portugal sozinho e sem família» e pediu a erradicação do diretor desportivo Alexandre Vilacova, antigo jogador e capitão do clube.

«Pessoas deste tipo têm que ser banidas do futebol. Custa-me ainda ver que este episódio é protagonizado por um ex-jogador e com este comportamento. No futebol português também é preciso cantar o Grândola, Vila Morena. Precisam de ouvir a música, entender a música e arrepiar caminho a bem ou a mal», frisou Evangelista.

Também presente na conferência de imprensa, Max explicou que chegou a Portugal com a promessa de um salário de 2.500 euros mensais, tendo acabado apenas por assinar um contrato até final da temporada em que teria apenas direito a 500 euros líquidos por mês.

«Não gostei do que aconteceu mas queria muito jogar em Portugal e por isso aceitei. Tinha também alojamento, alimentação, assistência médica e viagens pagas», revelou.

O defesa brasileiro contou que recebeu o salário referente a setembro e outubro mas, depois se ter lesionado e ter que ficar afastado dos relvados durante três meses, deixou de receber qualquer renumeração.

«Fui proibido de treinar com a equipa principal e em janeiro convidaram-me para ir embora. Ofereciam-me a viagem de regresso ao Brasil e 200 euros e eu não aceitei. Ameaçaram que me prejudicavam a carreira e não jogava em mais lado nenhum. Na semana passada deixei de poder comer no restaurante do clube e obrigaram-me a entregar a chave de casa», disse.

Max, que entretanto já rescindiu com o Varzim, foi então apoiado pelo SJPF, que se responsabilizou pela estadia e alimentação do jogador em Lisboa, assim como a viagem de regresso para o Brasil, que deverá acontecer esta semana.

«Tenho seis irmãos que dependiam do meu salário. Vou voltar para o Brasil pior do que estava quando vim para Portugal. Gostava de cá continuar mas é impossível, nem tenho condições psicológicas», lamentou o defesa.

Entretanto, o SJPF já avançou com uma queixa judicial contra o Varzim para que o clube nortenho pague a Max os restantes salários a que alegadamente tinha direito.