Digão diz que “é um privilégio” ser irmão de Kaká, companheiro de Cristiano Ronaldo no Real Madrid de José Mourinho, e poder vê-lo “campeão de tanta coisa e eleito o melhor do mundo é uma honra”.

Ricardo Izecson dos Santos Leite, de 24 anos (Digão), e Rodrigo Izecson dos Santos Leite (Kaká), de 28, partilham juntamente com o nome a paixão pelo futebol, embora em distintos registos de grandeza.

“Somos muito unidos e temos uma relação normal entre irmãos”, acrescentou Digão, responsável pela alcunha de Kaká, devido ao facto de, enquanto criança, não conseguir pronunciar o nome de Ricardo.

Apesar de distantes, Digão e Kaká continuam em permanente contacto através da Internet e por telefone. “Falámos todos os dias. Estamos sempre em contacto. Temos uma relação de amigo, irmão e confidente”.

O jogador confessa estar habituado a que associem o seu nome ao de Kaká e considera mesmo “normal”.”Ligo bem com essas coisas e também não dou muito valor quando fazem comparações”, disse.

“Ele é um atacante e eu sou um ‘zagueiro’ (defesa central), não tem nada a ver”, sustentou Digão à Agência Lusa, antes de dar início a mais uma sessão de trabalho no relvado secundário do Estádio 25 de Abril.

Como Digão e Kaká se encontram separados etariamente por quatro anos de diferença, apenas jogaram juntos enquanto crianças, brincando na rua ou em campos improvisados, e durante uma época no AC Milan.

“Todo o brasileiro quando nasce ganha uma bola e o sonho de todo o mundo é transformar-se em jogador de futebol. Nós crescemos assim e tivemos a oportunidade de crescer no São Paulo, clube que tem uma grande estrutura para jovens, e nos tornamos jogadores”, disse.

Do Brasil para a Europa é um saltinho. “Vir jogar para a Europa sempre foi o nosso sonho. É o centro do planeta futebol e onde estão os grandes clubes e estrelas. É muito bom”, explicou.

Ligado contratualmente aos italianos do AC Milan até 2013, Digão chegou ao Penafiel por empréstimo e por indicação de Dill, ex-futebolista brasileiro do clube duriense e grande amigo de Kaká.

“Ele (Dill) no ano passado me deu a indicação de poder vir para cá. Falou bem da estrutura do Penafiel e que podia ser um bom negócio para mim. Eu vim para cá por indicação dele”, explicou Digão.

Como já se encontra na Europa há seis anos, com natural saudades da família e amigos, Digão diz estar perfeitamente adaptado e reconhece que a língua portuguesa irá ajudar à total integração.

“Já conheço bem o clima, o ambiente e a alimentação, pelo que nada é novidade”, acrescentou o jogador, que desde que deixou o São Paulo já vestiu as camisolas da Sampdoria (2004/05), AC Milan (camadas jovens), Rimini (2005/07), Standard Liège (2008) e Lecce (2009/10).

Apesar de se encontrar há pouco tempo em Portugal, Digão já conhece o Porto, onde irá morar, que considera “cidade muito, muito bonita”, e pelo que já lhe foi permitido observar Penafiel “também é”.

Quanto a ambições pessoais e projectos para o futuro, Digão não pensa muito nisso. “Quero fazer uma boa pré-temporada, começar o campeonato bem, jogar e quando terminar faço as contas. O futuro a gente vai fazendo dia a dia”.

Para um futuro próximo, e atendendo à “proximidade” das cidade de Penafiel e Madrid, separadas por 600 quilómetros, ficou a promessa de que Kaká, quando puder, virá assistir a um jogo de Digão.