Os trabalhadores do Belenenses acusaram hoje a direcção do clube de fazer chantagem com os empregados que rejeitaram o acordo de rescisão e de recusar iniciar o início do pagamento dos ordenados em atraso.

Em comunicado publicado no site do Belenenses, a direcção “azul” defende que “aos funcionários a quem foi apresentada uma proposta de rescisão contratual, foi garantido o pagamento de uma indemnização pela sua antiguidade nos termos da lei, bem como de todos os vencimentos em dívida e proporcionais de férias e subsídio de Natal”.

“Com a assinatura do respectivo acordo, será efectuado o pagamento imediato da primeira prestação”, pode ainda ler-se no comunicado.

Os trabalhadores do Belenenses, que não recebem ordenados há pelo menos quatro meses, estão hoje de greve e concentraram-se à porta do edifício da administração da SAD.

Manuel Dias, guarda de primeira classe, que tem quatro meses de salários em atraso, revelou que, na quinta-feira, deu resposta negativa ao acordo apresentado e que lhe foi dito: “Quem não estiver de acordo com a rescisão não tem hipóteses, continua a trabalhar, não haverá despedimentos, mas não há garantias de vencimentos”.

O funcionário do Belenenses sublinhou que o acordo está praticamente a ser imposto aos trabalhadores.

“Às pessoas que não tinham acordos foi pago um ordenado e dito iam ser negociados os restantes. Perguntámos se esta situação era viável para nós, disseram que não. É quase uma imposição. Quem não aceitar o acordo de receber a indemnização em prestações tem o seu posto de trabalho, mas não tem o seu vencimento”, explicou.

Para Ana Mourinho, recepcionista, com seis meses de salários de atraso (incluindo subsídio de férias), considera que “a forma de pagamento é ridícula”.

“Queriam-me pagar a indemnização em 24 meses e os vencimentos em atraso queriam-me pagar em 10 meses, o que não aceitei. É ridículo e não aceitei”, afirmou.

Maria Emília Marques, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), disse estar indignada “com a postura da direcção que vem sendo cada vez mais arrogante, agressiva e inaceitável”.

“Estamos a ser confrontados com uma situação de total falta de respeito por estes trabalhadores, que têm anos de dedicação a este clube e que estão a ser tratados de maneira humilhante, em que aceitam ou ficam a trabalhar de graça. Assim é como o cão, só falta bater, desculpem a expressão”, referiu.

Em comunicado, a direcção do Belenenses explica que “foram liquidados os salários do mês de Outubro aos funcionários que manterão o seu vínculo ao clube”.

Aos funcionários com quem o clube que rescindir será, de acordo com o clube, paga, em prestações, uma indemnização e os salários em atraso.

“Com este procedimento, o clube assegurou que todos os funcionários têm à sua disposição a possibilidade de imediato começarem a receber regularmente”, sustenta.