O clube lisboeta, actualmente na II Liga, está a atravessar graves problemas económicos e não tem dinheiro para pagar ordenados aos jogadores. A situação ficou agravada com a não entrega dos pressupostos financeiros na Liga, com os jogadores do Belenenses a recusarem-se a assinar a declaração de inexistência de dívidas do clube para com os atletas.

Com a época quase a terminar, espera-se um Verão difícil para os atletas do Belenenses, muitos deles em fim de contrato e com ordenados em atraso. O presidente do Sindicato dos jogadores, Joaquim Evangelista, mostrou-se muito preocupado com a situação recorrente de salários em atraso no Belenenses e criticou a viagem a Dublin do presidente do clube do Restelo, António Soares, para assistir à final da Liga Europa.

«Estou tão preocupado com esta situação que, ao contrário do presidente do Belenenses, não fui para Dublin para ver o jogo entre duas equipas portuguesas. Portanto isto é revelador do sentimento que tenho em relação a este assunto», começou por dizer Evangelista após uma reunião com o plantel do Belenenses que tem dois meses de salários em atraso.

Muitos dos jogadores do Belenenses estão em final de contrato, situação que se agrava ainda mais, pois muitos deles não sabem se vão receber os salários a que têm direito. A direcção do clube já informou o Sindicato de jogadores que não tem soluções, tendo sido activado esta terça-feira o fundo salarial do SJPF para auxiliar alguns atletas.

«Hoje vieram ao sindicato para esclarecerem a sua situação mas sobretudo para receberem uma quantia simbólica (650 euros). A verdade é que não tem de ser o sindicato recorrentemente a responder aos compromissos que os clubes assumem no início da época e no meio da época.»

O Belenenses não pode ser inscrito na Liga sem a declaração dos jogadores a confirmar que não há dívidas, situação que pode relegar o clube do Restelo de divisão.

«A questão do Belenenses é um problema recorrente que se prende com os salários em atraso e apesar da boa vontade que os jogadores do Belenenses têm revelado, a verdade é que não tem reciprocidade da parte da direcção do Belenenses», disse Evangelista.

Joaquim Evangelista confirmou que ainda não foram apresentadas soluções para o caso do Belenenses e que é legítimo a posição dos jogadores em não assinar o documento que permite ao clube inscrever-se na Liga.

«É verdade que os jogadores se recusaram a assinar os pressupostos financeiros mas continuam disponíveis para o fazer desde que da parte da direcção pelo menos seja apresentada uma solução».

O Belenenses tem a manutenção na II Liga praticamente garantida, mas a situação de incumprimento salarial pode vir a levantar precedentes com clubes que pagam ordenados e que estão em risco de descida.

«O cumprimento das obrigações deve ser um tema fundamental para o futuro na medida em que é o que tem denegrido mais a imagem do futebol português que coloca em causa a igualdade entre os competidores, por isso não tenho dúvidas que vai haver reacções por parte de outros clubes desta situação», considerou Evangelista.

O presidente do Sindicato considera ainda que era importante a criação de um mecanismo regulador para impedir estes problemas, tal como um fundo mais substancial.

Da parte dos jogadores do Belenenses ninguém prestou declarações, mas Joaquim Evangelista explicou em traços gerais a posição dos atletas.

«O que os jogadores do Belenenses pretendem é apelar aos sócios do clube, que são muitos, que ajudem a resolver a situação porque estão perante um impasse e não sabem que soluções vão ser apresentadas nos próximos dias.»