O Freamunde, da Liga de Honra de futebol, vai prescindir de alguns treinos por semana, para minorar os efeitos dos três meses de salários em atraso, anunciaram hoje em conferência de imprensa jogadores e equipa técnica.

O “capitão” de equipa, Bock, foi o porta-voz do grupo de trabalho e fez questão de explicar, na presença de todos, que «não se trata de uma greve» e que os profissionais do Freamunde estão «solidários» com o presidente demissionário Manuel Pacheco, a quem foi dedicada a vitória no último domingo (2-0 ao Arouca).

«Após reunião do grupo de trabalho, entendeu-se abdicar de alguns treinos durante a semana para reduzir despesas com combustíveis, viagens e portagens. O treinador foi sensível às dificuldades e posso dizer que há alguns colegas com sérias dificuldades, que já não têm dinheiro para comer», disse Bock.

O técnico Nicolau Vaqueiro acionou mesmo o "alerta vermelho", garantindo que «há bastantes jogadores com dificuldades para virem treinar», e revelou que para o próximo jogo do campeonato frente ao Santa Clara, nos Açores, a comitiva do Freamunde será limitada a 20 elementos.

«Iremos aos Açores com 20 elementos: 16 jogadores, dois treinadores, um massagista e um diretor. É um sinal de contenção», explicou o técnico, acrescentando que esta semana «foi decidido cancelar o treino de quarta-feira».

Os profissionais do Freamunde têm três meses de salários em atraso e a decisão agora encontrada pelo grupo de trabalho, insistiu Bock, pretendeu «não faltar ao respeito ao clube, à cidade e àquelas pessoas que estão com o grupo».

«Aquilo que fizemos domingo [vitória sobre o Arouca por 2-0] foi a nossa resposta», sublinhou o camisola oito, afastando, por enquanto, a possibilidade de os jogadores avançarem com rescisões de contrato.

Bock pediu mesmo a solidariedade dos freamundenses para «não estragar um trabalho de oito anos», considerando que «está na altura daqueles que dizem ser os verdadeiros freamundenses fazerem alguma coisa até sexta-feira», data em que está marcada a Assembleia-geral.

Será nessa altura que Manuel Pacheco irá explicar detalhadamente aos associados do Freamunde as razões da sua demissão, antecipada à Agência Lusa com a falta de respostas dos patrocinadores, nomeadamente do município de Paços de Ferreira.

A seis jornadas do final da Liga de Honra, o Freamunde ocupa o 11.º lugar, com 28 pontos, ainda com a questão da permanência por resolver.