O Trofense, clube que só quarta-feira conseguiu garantir a inscrição na Liga de Honra em futebol, apresentou-se esta segunda-feira com apenas onze jogadores, sendo que vários ainda estão em «fase de observação».

À presentação seguiu-se o primeiro treino dos trofenses e já sob a orientação do novo técnico da equipa nortenha, Manuel Gonçalves Gomes, mais conhecido por Professor Neca, que só chegou ao clube da Trofa sábado, tendo sido contratado por José Leitão, líder da Comissão Administrativa que havia tomado posse apenas na sexta-feira à noite anterior.

«Estamos numa situação que não é fácil. O país está numa situação que não é fácil. E só gente que queira enfrentar essas dificuldades é que consegue ultrapassar essas dificuldades. O Trofense já teve momentos muito bons. Já esteve na I Liga. O país já teve momentos muito bons e agora está a pagar os seus excessos, como o Trofense está a pagar os seus excessos. Aprendemos com os erros e estamos aqui para trabalhar com afinco para ajudar este clube, que tem história e passado, mas um presente difícil. Vamos ajudá-lo a construir um futuro melhor», disse, hoje, o treinador.

Questionado sobre metas para esta época e sendo que o primeiro encontro oficial do Trofense é já este sábado contra o Desportivo das Aves, em Vila das Aves, a contar para a primeira jornada da primeira fase da Taça da Liga, Neca afirmou que «a meta é treinar amanhã» e «ver se já há mais gente» para conseguir «construir uma equipa progressivamente melhor que pratique bom futebol e que orgulhe os trofenses».

O treinador adiantou que pretende pedir o adiamento do primeiro jogo do Trofense a contar para a Liga de Honra, também no terreno do Desportivo das Aves, a 12 de agosto, e relegou a competição Taça da Liga para segundo plano.

«A Taça da Liga não conta para nós. Vamos lá fazer corpo presente. Nem é jogo treino porque nem temos os jogadores todos para treinar. Temos de ser responsáveis. Vou pedir hoje o adiamento do primeiro jogo da Liga. Nem é o da Taça, porque esse já nem é possível. Uma boa equipa de futebol custa muito a construir, custa muito tempo. Se não houver dinheiro, como não há, as dificuldades são ainda maiores», referiu.

Sobre jogadores, Neca revelou que hoje e terça-feira vai observar os atletas disponíveis, onze ao todo, sendo que quatro são provenientes da formação e três são reforços - e começar a delinear a espinha dorsal do clube.

O técnico destacou a presença no treino do médio e capitão Tiago, «um dos poucos que transita da época passada e será importante junto dos novos», e falou de três jovens que estão a treinar para observação já por sua escolha: Vitinha (ex-Ribeirão), Paulinho (ex-Santa Maria) e Tiago Lopes (ex-Tondela).

Sobre novas contratações, Neca adiantou que «têm de ser feitas» mas sabe que a ordem é para «despender pouco dinheiro porque há muito pouco dinheiro», lançando a ideia de que «serão recrutados jogadores que saibam que a Liga de Honra é uma prova onde podem crescer e projetar-se», sem esquecer «que o departamento de formação nos clubes é muito importante».

«Temos muito trabalho para fazer. Estamos a preparar uma equipa em ‘SOS’. Temos de saber sofrer nesta altura. No final, o futebol português vai olhar para nós com admiração», referiu o treinador trofense, solicitando «todo o apoio e compreensão» aos adeptos.

Já o médio Tiago, de 37 anos, explicou o porquê de ter decidido aguardar pelo desfecho do impasse que se viveu no Trofense e garantiu ainda ter forças para jogar.

«Por ser da Trofa, como sócio e como atleta, fico triste. Estamos a passar uma fase muito difícil. Mas vou jogar com muito prazer e paixão. Felizmente há gente que não olha para o BI. Tenho motivação e isso é mais importante. Sinto-me motivado e com boa condição física. Tive duas propostas da Honra e uma da 2.ª B e coloquei o meu futuro em risco, mas o meu objetivo era continuar no Trofense e acabar a carreira no meu clube. Espero que agora os trofenses se unam à volta do clube», disse o capitão de equipa.

Tiago elogiou a escolha de Neca para treinador por considerar que se trata de «um técnico experiente que está atenta ao mercado» e falou do espirito que se vive no balneário.

«É complicado entrar e ver apenas sete ou oito jogadores. É muito difícil. Mas estamos preparados para as dificuldades. Esta malta nova sabe que se quer chegar longe, tem de se unir e transformar-se», concluiu.