As contas do Clube Desportivo Santa Clara referentes às duas últimas épocas desportivas foram aprovadas por unanimidade esta noite numa assembleia geral extraordinária que apurou uma dívida superior a quatro milhões de euros.
«As relações entre o clube e a SAD e como é que são inscritos nos devidos orçamentos as despesas e as receitas geraram alguma confusão e era necessário esclarecer os sócios com calma, e às vezes é difícil explicar esta mudança que houve no clube com a entrada da SAD», explicou o presidente da Assembleia geral Costa Martins justificando a demora da reunião, que durou perto de cinco horas.
O Clube Desportivo Santa Clara reuniu esta noite à porta fechada depois de dois anos e meio sem apresentar contas para aprovação do relatório e contas das épocas 2010-2011 e 2011-2012 e que antecede a Assembleia de Credores, marcada para esta terça-feira no Tribunal de Ponta Delgada.
«Durante muito tempo, a direção esteve sem comunicar com os sócios e eu acho que não se pode estar tanto tempo sem assembleias gerais, porque é necessário que elas se realizem na altura certa, e eu desta vez fui condescendente porque houve problemas técnicos, mas no futuro prometo que as assembleias gerais comigo se vão realizar nas alturas certas», admitiu Costa Martins.
O Clube Desportivo Santa Clara tem uma dívida bancária superior a quatro milhões de euros e está em processo de insolvência, sendo que o presidente da direção do Santa Clara SAD admite seguir-se para «um processo de recuperação com execução a longo prazo para que o clube possa sair do sufoco financeiro».
«Provavelmente vamos esperar que haja parte de perdão da dívida, outra parte que seja dado ainda algum património que nós temos em processo de dação em pagamento e de facto que o remanescente possa ser projectado para o longo prazo», admitiu Mário Batista, referindo um prazo de pagamento que pode chegar aos 30 anos.
A assembleia geral extraordinária do Clube Desportivo Santa Clara, que se realizou na sede do Clube em Ponta Delgada, contou com a presença de 35 sócios e algumas vozes contestatárias ligadas à anterior direcção do clube.
«Não aceitamos que, ao herdarmos centenas de processos com uma dívida próxima de 20 milhões de euros, tenham o desplante de vir para aqui sócios do antigo regime para dar palpites na forma como devemos conduzir os destinos do clube», refutou Mário Batista.
O presidente do Santa Clara SAD relembra que a direção do Clube Desportivo Santa Clara herdou um passivo na ordem dos 20 milhões de euros e que «foi possível inverter a situação amortizando gradualmente essa dívida para os quatro milhões de euros».