Afastado dos principais palcos do futebol português nas últimas três épocas, o Belenenses "despertou" sob a égide do antigo jogador Mitchell van der Gaag, que "desenhou" uma supremacia absoluta a todos os níveis na II Liga.

A 10 jornadas do final da competição e com 27 pontos de vantagem sobre o Leixões, terceiro na corrida à subida, o clube da “Cruz de Cristo” vê à distância de uma vitória o regresso ao convívio entre "grandes", que poderá ser confirmado sábado, em Penafiel.

Após duas temporadas em que se viu relegado a um "papel" secundário na luta pela subida, lutando inclusivamente para não descer em 2010/2011, o clube do Restelo assumiu agora as responsabilidades da sua longa história e encontrou no técnico holandês a maior fonte de sucesso no trajeto de 2012/2013.

O antigo central, que se notabilizou em terras lusas ao serviço do Marítimo, entre 2001 e 2006, abraçou a segunda experiência como treinador principal, depois de um interregno de quase dois anos.

A época iniciou-se com uma verdadeira revolução no plantel, ao qual chegaram 20 “caras novas” e só Duarte Machado, Fernando Ferreira e Zazá (saiu em janeiro) mantiveram o lugar, registando-se ainda o regresso de Fredy, após seis meses em Angola.

Com as finanças a obrigarem a um corte absoluto no investimento, a cúpula de dirigentes, liderada por António Soares, apostou em atletas desconhecidos, na sua grande maioria jovens provenientes de divisões inferiores e com pouca experiência no futebol profissional.

No entanto, rapidamente a juventude impôs o seu valor e, ao longo da temporada, fez emergir o Belenenses como força dominante da II Liga, com 24 vitórias, seis empates e apenas duas derrotas, ostentando o melhor ataque (59 golos marcados), a melhor defesa (26 sofridos) e uma invencibilidade que dura há mais de cinco meses.

O início fulgurante, com três triunfos seguidos, sofreu um abrupto travão à quarta jornada, quando os "azuis" saíram do Estádio da Luz vergados a uma copiosa derrota por 6-0, perante um Benfica B que ia dando os primeiros passos na prova.

Ainda assim, a confiança do Belenenses não tremeu e as quatro jornadas seguintes corresponderam a um pleno de vitórias, e consequente liderança isolada, que seria interrompido no início de outubro, com a derrota na Vila das Aves (1-2).

De resto, este seria o último desaire dos lisboetas, que, desde então, somaram 17 vitórias e seis empates, num pecúlio que já vai em 23 partidas consecutivas sem conhecer o sabor da derrota.

Após o jogo com o Desportivo das Aves, o conjunto de Belém manteve uma luta "taco a taco" com um Sporting B impedido de subir pelos regulamentos, que seria capitalizada no final de novembro, à 15.ª jornada, graças ao triunfo sobre a Oliveirense e ao empate dos jovens "leões" com o Feirense.

O topo da classificação não mais teve outra cor que não o "azul" e, entre memoráveis encontros com Atlético (4-2), Arouca (3-0), Sporting B (2-1), Benfica B (2-1) ou Tondela (5-1), o Belenenses foi aproveitando os deslizes alheios para cimentar a sua posição e distanciar-se da concorrência.

Numa prova disputada pela primeira vez em 42 jornadas, Van der Gaag foi sempre ponderado nas abordagens à subida, mesmo quando as vitórias se iam acumulando para os lados do Restelo, dando maior relevo ao "próximo jogo".

Num plantel estabilizado e seguro nos processos de jogo, têm-se destacado o pêndulo Diakité, o médio goleador Fernando Ferreira, o jovem criativo Tiago Silva e o experiente Desmarets, sempre bem apoiados pela velocidade de Arsénio e Fredy e complementados com a capacidade goleadora de Tiago Caeiro e Diawara.

Contudo, se os ataques ganham jogos, as defesas ganham campeonatos e este Belenenses não foge à regra: o guardião Matt Jones e o quarteto Duarte Machado, Kay, João Meira e Nélson têm oferecido a segurança necessária para que o histórico lisboeta venha caminhando de forma triunfal "rumo ao seu lugar", obedecendo ao lema preconizado para esta época.