O histórico Belenenses está próximo de encerrar o período mais "negro" dos seus 94 anos, marcado pelo declínio desportivo e financeiro, que o relegou para o segundo escalão do futebol português nos últimos três anos.

Campeão em 1945/46 e quarto clube com mais presenças e vitórias na I Liga, apenas superado pelos três "grandes", o emblema de Belém é, juntamente com o Boavista, o único que se intrometeu na hegemonia vitoriosa de Benfica, FC Porto e Sporting.

No entanto, o tempo e algumas más decisões dos seus dirigentes revelaram-se cruéis para o outrora "grande" lisboeta, atirando-o para fora de um lugar que raras vezes "abandonou", mas que está próximo de voltar a ser seu por direito.

A terceira época seguida na II Liga de futebol, algo que nunca havia experimentado na sua história, onde apenas figuravam duas presenças, ambas na década de 90, está próxima de encerrar o capítulo mais "negro" do Belenenses, que, dentro de dois dias, em Penafiel, pode "carimbar" o regresso aos principais palcos.

O bom trajeto na prova e a larga distância para os mais diretos perseguidores não só pode devolver o clube à I Liga, como pode consagrá-lo como campeão, situação nunca experimentada pelos adeptos "azuis", já que as duas anteriores promoções foram alcançadas por intermédio do segundo lugar.

Depois de um 2007/2008 desportivamente estável, com uma (curta) presença na Taça UEFA, em que caiu aos pés do poderoso Bayern de Munique, a época 2008/2009 deixou um claro aviso sobre o que poderia acontecer a curto prazo.

O 15.º e penúltimo lugar no final da época relegava o Belenenses para a II Liga, juntamente com o Trofense, mas os "azuis" acabariam por se salvar na "secretaria", em virtude do incumprimento do Estrela da Amadora.

Contudo, a temporada seguinte não trouxe a tranquilidade desejada e nem João Carlos Pereira, nem António Conceição conseguiram evitar os consecutivos desaires, que levariam à queda da direção liderada por Viana de Carvalho e o clube à despromoção.

A descida agravou os problemas financeiros e 2010/2011 revelou-se penoso em termos desportivos, com quatro treinadores (Baltemar Brito, Rui Gregório, Filgueira e José Mota), nova mudança na presidência - António Soares substituiu João Almeida - e a confirmação da manutenção no segundo escalão a chegar apenas na penúltima ronda.

O 12.º lugar no final da temporada, quatro pontos acima da II divisão, foi suficiente para manter José Mota no comando da equipa, mas o técnico viria a abandonar o Restelo a meio da época 2011/2012, deixando os "azuis" na 11.ª posição e apenas três pontos acima da "linha de água".

O até então diretor desportivo, Marco Paulo, assumiu as rédeas do plantel à 19.ª jornada e, após um empate e duas derrotas, conseguiu uma série de nove jogos sem desaires até final da prova, que permitiram ao Belenenses encerrar a competição no quinto lugar, com 41 pontos, ainda assim muito longe dos promovidos Estoril (57) e Moreirense (52).

Um ano depois, a história está longe de se repetir e o Restelo está próximo de voltar ao "mapa" da I Liga, não só pela qualidade do futebol apresentado, mas também pela entrada em "cena" de Rui Pedro Soares, antigo administrador da PT, que se tornou acionista maioritário da SAD belenense e teve papel fundamental na estabilidade financeira do futebol profissional do clube.