O Leixões manifestou hoje o seu «repúdio e indignação» por ter sido castigado pelo Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) com um jogo à porta fechada devido a atos racistas cometidos por alguns adeptos.

O castigo, conhecido na sexta-feira passada, ficou a dever-se a incidentes ocorridos no jogo entre o Leixões e o Belenenses, que foi disputado em 27 de outubro de 2012, em Matosinhos, e terminou com o empate a um golo.

«Apesar de ser obrigado a acatar esta decisão, pois já foram esgotadas todas as possibilidades de recurso, o Leixões Sport Club deixa bem claro o seu repúdio e a sua indignação pela decisão tomada, pois não aceitamos que nos considerem racistas», vinca o clube, em comunicado publicado esta tarde no seu sítio na internet.

O clube recorda que, «ao longo dos seus mais de 105 anos de vida, sempre defendeu valores que não passam pela distinção de pessoas pela sua raça, bem pelo contrário».

«São inúmeros os exemplos de atuais profissionais que servem o nosso clube oriundos de diversos países do Mundo», lê-se no comunicado.

O Leixões recorda que já teve ou tem futebolistas oriundos de vários países, «do Haiti ao Vietname, do Uganda ao Brasil, de Porto Rico aos Camarões, de Moçambique ao Gabão, de Angola a Cabo Verde».

«Todos eles sempre foram extraordinariamente acarinhados pelos nossos adeptos», assinala.

O clube de Matosinhos - que disputa a II Liga portuguesa de futebol, encontrando-se no terceiro lugar e na luta pela subida de divisão - refere, ainda, que «o que aconteceu naquela tarde de Outubro não foi uma manifestação racista» e por isso afirma estranhar «o excesso de zelo das instâncias que gerem a disciplina do futebol português».

Observa, também, que a medida disciplinar, «até ao momento», não foi tornada pública através de um comunicado oficial, «como é hábito pela FPF».

A propósito, fonte do clube matosinhense disse à agência Lusa que, «em princípio, o castigo será cumprido no jogo com o Aves, na próxima jornada», mas a Liga ainda não oficializou a decisão.

«Os leixonenses e os matosinhenses não são racistas e não gostam que os rotulem daquilo que não são. Não percebemos, por isso, a acusação de que fomos alvo e repudiámo-la, uma vez mais de forma veemente e bem clara», conclui o comunicado.

O alvo dos atos racistas terá sido o jogador Diawara.

O Leixões esclarece igualmente que «já foram esgotadas todas as possibilidades de recurso» e o clube foi mesmo multado por 2550 euros, em fevereiro, por esse comportamento que o CJ considerou racista

O castigo aplicado ao Leixões é inédito em Portugal e assenta na violação do artigo 113.º do Regulamento Disciplinar (RD) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), que pune «comportamentos discriminatórios em função da raça, religião ou ideologia».