A Câmara de Matosinhos considera que a instalação de uma bancada no exterior do Estádio do Mar, no dia do jogo de futebol Leixões-Aves, que vai ser disputado à porta fechada, é um «protesto criativo».

Fonte oficial da autarquia disse à agência Lusa que «a Câmara está a ponderar com muito bom senso» qualquer eventual decisão sobre a situação do jogo da 35.ª jornada da II Liga.

O Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol puniu o Leixões com um jogo à porta fechada, alegando que alguns adeptos do clube tiveram comportamentos racistas face a um jogador do Belenenses, quando esta equipa visitou o Estádio do Mar (1-1), em 27 de outubro de 2012.

O Leixões manifestou o seu «repúdio e indignação» face ao castigo e a autarquia matosinhense saiu em defesa do clube, dizendo que o CJ tomou «uma decisão absurda» e agiu com «excesso de zelo» neste caso.

Nunca antes em Portugal um clube tinha sido castigado com um jogo à porta fechada por racismo.

O castigo vai ser cumprido já no próximo domingo, no jogo Leixões-Desportivo das Aves, que está marcado para as 16h00.

Um grupo de sócios anunciou no Blog Leixões que alugou uma bancada por «2.170 euros+IVA», que ficará «instalada entre o pavilhão e o muro da bancada visitante, sendo que cada pessoa que queira aceder à bancada terá que dispensar seis euros para suportar os custos do aluguer».

Os promotores informam ainda que a bancada tem 320 lugares.

«Vai estar cheia. É uma certeza. Muitos lugares já foram vendidos», disse à Lusa um dos promotores, que pediu anonimato.

O Leixões «não tem nada a ver com isso, nem faz comentários», afirmou também hoje à Lusa fonte oficial do clube.

A claque leixonense Máfia Vermelha, por outro lado, anuncia, sem detalhes, um «cordão vermelho» para as 14h00 do dia do encontro Leixões-Aves. «Portas fechadas, mas a nossa voz ninguém cala», lê-se no anúncio.

O artigo 46 do Regulamento Disciplinar das Competições Organizadas pela da Liga Portuguesa de Futebol Profissional indica quem pode aceder a um estádio nos jogo à porta fechada.

A comunicação social pode entrar, mas «é proibida a transmissão radiofónica e televisiva em direto ou em diferido» desses jogos.