O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) mostrou-se hoje preocupado com a situação financeira da Naval 1.º de Maio e voltou a defender a centralização dos direitos televisivos no organismo que lidera.
Mário Figueiredo, que falava à margem da cerimónia de receção da equipa do Belenenses na Câmara Municipal de Lisboa (CML), garantiu que a entidade que gere os campeonatos profissionais quer terminar com as situações de incumprimento salarial.
«É uma questão que me preocupa. No ano passado, instituímos um fundo de garantia salarial, que tem servido para os jogadores da Naval. A Liga já despendeu milhares de euros para pagar salários a jogadores da Naval e estamos a trabalhar no sentido de terminar com situações destas, que não podem continuar a acontecer», disse.
Os jogadores da Naval 1.º de Maio paralisaram hoje durante um minuto, após o árbitro Luís Ferreira ter apitado para o início da partida com o FC Porto B (0-0), na 42.ª e última jornada da II Liga de futebol.
Com cinco meses de salário por receber, os profissionais da Naval, como forma de protesto pela situação em que se encontram, paralisaram durante o primeiro minuto da partida.
Os jogadores do FC Porto B, em solidariedade com os seus companheiros de profissão, foram trocando a bola entre si e não avançaram para o meio-campo adversário.
O presidente da LPFP admitiu «falta de sustentabilidade da própria Liga, enquanto modelo de competitividade e de negócio», já que «não é com as atuais receitas que os clubes podem fazer face aos orçamentos mínimos para montar uma equipa».
Dessa forma, Mário Figueiredo defende a «centralização dos direitos de transmissão televisiva na Liga», que tornariam a II Liga «sustentável».
"Eu defendo a centralização dos direitos de transmissão televisiva na Liga, de forma a poder criar mecanismos de solidariedade, em que a II Liga possa ter, pelo menos, 500 a 600 mil euros de receita dos direitos de transmissão televisiva. Com a negociação individualizada dos direitos televisivos, as receitas que a II Liga aufere não são suficientes", afirmou.
Mário Figueiredo admitiu que muitos clubes «mantêm-se vivos na II Liga, através de projetos pessoais dos seus presidentes», mas quando os presidentes passam por dificuldades, os clubes sofrem as consequências.
«É o que se está a passar com a Naval. Estamos a trabalhar para que no próximo ano se possa ter mecanismos de controlo mais apertado, nomeadamente através da adaptação dos regulamentos de licenciamento da UEFA aos regulamentos de licenciamento da Liga», concluiu.