A Comarca de Aveiro, através da primeira secção do Comércio em Anadia, proferiu a sentença de declaração de insolvência do Beira-Mar, segundo o anúncio publicado hoje no Portal Citius. O clube volta, assim, aos tribunais depois de, em outubro de 2014, a maioria dos credores terem chumbado o Processo Especial de Revitalização (PER). Os credores têm agora 30 dias para reclamar os seus créditos, tendo sido marcada a primeira assembleia para 05 de março.

Em declarações à agência Lusa, o presidente adjunto do Beira-Mar, Nuno Quintaneiro Martins, disse que a direção está "fortemente empenhada" na recuperação do clube.

O mesmo responsável adiantou que estão a decorrer conversações com a Câmara de Aveiro (o principal credor do clube) para "encontrar soluções que permitam ultrapassar as questões que levaram a autarquia a votar contra o plano de recuperação proposto no âmbito do PER".

Na altura em que foi apresentado o PER, havia 80 credores que reclamavam cerca de três milhões de euros ao clube liderado por António Cruz.

O maior credor do Beira-Mar é o município de Aveiro, que reclama o pagamento de uma dívida de cerca de um milhão de euros. Logo a seguir surgem a Fazenda Nacional, com 260 mil euros, e a Federação Portuguesa de Futebol, com 182 mil euros.

Entre os credores, estão ainda vários ex-dirigentes do Beira-Mar, nomeadamente Caetano Alves, José Cachide, Carlos Nuno Pereira, Mano Nunes e Manuel Simões Madaíl, que reclamam na totalidade mais de 750 mil euros por empréstimos concedidos ao clube.

Em março de 2014, a direção do Beira-Mar, então liderada por António Regala, decidiu avançar com o PER, invocando que o clube estava a enfrentar "sérias dificuldades" para cumprir pontualmente as suas obrigações, nomeadamente no pagamento aos fornecedores e ao único trabalhador, por falta de liquidez e por não conseguir obter crédito a curto prazo.

O clube da II Liga, que procedeu à alienação de 85% da sua equipa profissional de futebol sem ter recebido o pagamento devido contratado, é detentor de um crédito de 3,1 milhões de euros da SAD do Beira-Mar, que conseguiu escapar à falência ao ver o seu PER aprovado pela maioria dos credores.

No entanto, menos de meio ano depois de ter sido homologado o plano de recuperação, a sociedade que gere o futebol do Beira-Mar apresentou um segundo PER devido a dificuldades em cumprir o plano que previa o perdão de 80% da dívida do clube.