Homero Calderón joga no Vizela, na II Liga de futebol, e a par de uma carreira no futebol europeu tem o sonho de "trazer para Portugal a família, que passa por tantas dificuldades na Venezuela".

Há quatro meses em Portugal, o médio que no domingo fez a sua estreia pelo clube minhoto na II Liga, em Olhão, vive dias difíceis ao "conjugar o empenho nos treinos com a angústia de ter os pais e o irmão a passar dificuldades", disse em entrevista à agência Lusa.

"Portugal é um país muito tranquilo, onde se pode passear à vontade, aqui é um espetáculo", disse, por comparação com a sua cidade natal de Valência, a "duas horas de distância da capital Caracas e onde o nível de criminalidade é, como em todas as cidade do país, muito alto".

E com a Venezuela a enfrentar "graves problemas económicos e sociais, onde falta comida e as pessoas se sentem inseguras", o médio de 23 anos disse "contribuir todos os meses com um pouco de dinheiro para minimizar as dificuldades dos pais".

"Tenho um irmão a trabalhar nos Estados Unidos que também ajuda porque, apesar de o meu pai ter um pequeno negócio e a minha mãe trabalhar, as dificuldades continuam a ser muitas", relatou.

Do contacto "diário com a família através do telefone ou da Internet" sobram "angústias e ansiedades", sentimentos com os quais o jogador admite ser difícil lidar "quando se tem de dar tudo nos treinos e nos jogos".

"Sei que as pessoas aqui ainda não viram o melhor de mim, mas dou tudo nos treinos para melhorar, porque sei que estando bem, os meus pais irão ficar melhor", contou à Lusa Homero, divulgando o sonho de trazer a "família para Portugal".

O seu desejo é partilhado pelos pais que "também têm vontade de sair".

Com o irmão mais novo, de 17 anos, na faculdade, Homero reafirma-se empenhado "em dar o seu melhor" e, com contrato até junho de 2018 com o Vizela, diz ter crescido "como futebolista a admirar Cristiano Ronaldo".

"Não jogando na posição dele, admiro-o pela forma como consegue as coisas, trabalhando ao máximo, e sei que assim, mais tarde ou mais cedo, a recompensa surgirá", acrescentou.

Na sua segunda aventura no futebol europeu, depois de em 2014 ter representado o DOXA, do Chipre, Homero usa da afirmação de que "com trabalho e aplicação tudo se consegue" para justificar o sonho que acompanhou a sua formação futebolística: "chegar um dia ao Real Madrid ou ao FC Barcelona".

Sobre os avisos do governo de Nicolás Maduro de "cortar a Internet", Homero diz não passarem de "ameaças do momento", e garantiu que "conseguiu sempre falar com a família".

Com a namorada Daniela em Portugal desde a semana passada, Homero viu-se agora menos só, ainda que tenha destacado a ajuda dos colegas do plantel.

"Como sabem que não vou passar o Natal à Venezuela, pois temos jogo no dia 29 de dezembro com o Vitória de Guimarães (para a Taça da Liga), alguns já me convidaram para a consoada. Têm sido muito bons comigo", relatou o jogador.